Ao retornar de uma viagem pelo Brasil, da qual voltaram encantados, vários amigos franceses me fizeram a mesma observação. “Ainda nos surpreendemos com uma coisa: pouquíssimos brasileiros falam inglês e na maioria das vezes mal, mesmo em locais turísticos.” “É quase uma exceção global”insistem esses Globetrotters.
Estou um pouco surpreso, mas acredito neles, nunca tendo tido a oportunidade de verificar por mim mesmo. E então, pensando bem, isso é explicado. Isso pode ser entendido.
Turismo
Em 2023, o Brasil receberá cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros. Um recorde para ele, mas um número extremamente baixo a nível mundial. Principalmente se considerarmos o tamanho do país e seus atrativos turísticos, com o Rio, as praias, a natureza e as festas. O turismo internacional não é claramente uma das prioridades do país, enquanto o turismo interno tem crescido significativamente nas últimas décadas. Conhecemos as razões: demasiado longe, demasiado caro, demasiado inseguro, demasiado mal organizado.
Ponto importante: grande parte desses turistas internacionais vem da América Latina, de países vizinhos. Para se comunicar com eles, os brasileiros falam espanhol. Ou, mais frequentemente, o portugal ! Prático, sempre conseguimos nos entender latinosenquanto mistura “um pouco demais”.
Este é o preconceito que muitos turistas europeus ou norte-americanos também encontram. Como resultado, falar inglês não é uma necessidade absoluta, exceto talvez em algumas áreas altamente turísticas como o Rio, Salvador ou as Cataratas do Iguaçu. Mas aí, novamente, os brasileiros têm a sua coisa, a sua jeitinho, para contornar a situação: o sorriso, a simpatia, os gestos, as expressões faciais compensam a ausência de palavras exatas. Em geral, funciona bem! Às vezes é felicidade absoluta: o gringo balbuciar algumas palavras em português! O brasileiro é então particularmente gentil e misericordioso.
Línguas estrangeiras
Por trás dessa situação, há um fato óbvio: o baixo domínio de línguas estrangeiras por parte dos brasileiros, ele próprio ligado ao nível geral de educação do país, que fica claramente atrás dos países vizinhos, por exemplo. Claro que existe uma elite brasileira, principalmente nas capitais, que é fluente em inglês. Seus filhos frequentam até escolas bilíngues e frequentemente continuam seus estudos nos Estados Unidos ou na Europa. Sem falar nas inúmeras viagens para Miami, uma verdadeira segunda casa!
Os altos executivos brasileiros são, portanto, quase bilíngues, se não mais. Isso já é muito menos verdadeiro quando descemos na hierarquia. O bom domínio do inglês está a tornar-se muito mais incerto, como me confirmam os gestores franceses de multinacionais.
Com, ainda, um preconceito: achamos que sabemos falar. Há alguns anos, um dos meus colegas brasileiros recebeu uma missão da França. Pergunto se ele fala francês ou inglês. Ele me responde: “Passei duas semanas passeando por Paris no ano passado e me saí muito bem! ” Esse é o problema: saber de cor as músicas da Taylor Swift, encher o vocabulário de anglicismos ou “se virar” viajar não é a mesma coisa que falar um idioma, principalmente em ambiente profissional!
Então, um conselho aos turistas e ainda mais aos expatriados franceses: aprendam português (do Brasil!) para viajar ou trabalhar no Brasil. Não é tão complicado e é muito preferível. O portugal também é aceito!