Esta despesa de 7,6 mil milhões de euros poderá constituir a “última carta” do atual presidente para garantir o apoio eleitoral da população mais pobre.
O parlamento do Brasil aprovou nesta quarta-feira uma série de medidas propostas pelo governo de Jair Bolsonaro, aumentando vários itens de gastos para criar novos benefícios sociais até o final do ano, 81 dias antes da eleição presidencial. Por grande maioria, a Câmara dos Deputados deu luz verde ao texto, que decreta um “estado de emergênciapara contornar a lei eleitoral que proíbe a adoção de novas leis durante um período eleitoral.
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O governo vai gastar mais de 41 bilhões de reais (cerca de 7,6 bilhões de euros) para financiar essas medidas, que valem até dezembro. Entre eles: um aumento de 50% no programa Auxilio Brasil, anteriormente chamado Bolsa Família, criado pelo ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que passará de 400 para 600 reais (cerca de 110 euros) por mês.
Também serão pagos subsídios aos caminhoneiros de até 1.000 reais por mês. A ajuda aos mais pobres e aos taxistas para comprar botijões de gás também será mais substancial em um contexto de aumento dos preços da energia.
Perda de popularidade
Críticos do presidente de extrema direita criticaram a bateria de medidas, argumentando que ela contorna o chamado “limite de gastosque impede o governo de gastar além da inflação, ao mesmo tempo em que corre o risco de violar a lei brasileira que impede o executivo de conceder novos benefícios durante o ano eleitoral.
Essas despesas podem constituir o “última cartapor Bolsonaro para garantir apoio eleitoral entre os mais pobres que irão às urnas em 2 de outubro, o primeiro turno da eleição presidencial, Paulo Calmon, cientista político da Universidade de Brasília, disse à AFP. “É um ato desesperado diante das urnas“, em que o ex-presidente Lula mantém grande vantagem, acrescentou.
Segundo especialistas, o presidente Bolsonaro perdeu popularidade nos últimos meses devido à frágil situação econômica e à inflação de dois dígitos desde setembro de 2021. Embora o nível de pobreza no Brasil seja alto, “a emergência atual (para o governo) é eleitoral, não social“, analisado pela AFP Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas.