O presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu nesta quarta-feira, 16 de março, a medalha do “mérito indigenista“pelo seu Ministério da Justiça, uma condecoração”chocante” e “absurdopara a oposição e associações que defendem os direitos dos povos indígenas.
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Esta distinção, anunciada no Jornal Oficial, é “reconhecimento dos serviços prestados por altruísmo, para o bem-estar, proteção e defesa das comunidades indígenas“. Vários ministros do governo Bolsonaro também foram condecorados, como o da própria Justiça, Anderson Torres, da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, da Defesa, Walter Braga Netto, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Sonia Guajajara, coordenadora do Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), julgado “absurdo» o facto de o Chefe de Estado receber a medalha de «mérito indigenista“E garantiu na quarta-feira que sua associação tentaria reverter essa decisão na Justiça.
Um grupo de deputados da oposição, a Frente Parlamentar Ecológica, por sua vez, indicou que proporia uma moção para anular o despacho do Ministério da Justiça. “É chocante que o governo que está tentando permitir a mineração em terras indígenas, colocando em risco a própria existência desses povos, tenha a audácia de se conceder medalhas de “merecida” por todo o mal que ele fez“, disse Alessandro Molon, líder deste grupo parlamentar, em um comunicado de imprensa.
Essa condecoração costumava ser concedida a intelectuais, como o antropólogo Darcy Ribeiro, ou a lideranças indígenas emblemáticas, como o cacique Raoni Matuktire. Este último acusou repetidamente Jair Bolsonaro de “perseguir» Povos indígenas, destruindo seu habitat e violando seus direitos fundamentais. Durante um discurso na ONU em 2019, o presidente de extrema direita o acusou de ser o instrumento de governos estrangeiros.
Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019 prometendo que não iria recuar.nem um centímetro a mais» aos territórios reservados aos indígenas, que hoje representam 13% da superfície do país. O presidente brasileiro também se mostrou favorável à autorização de atividades mineradoras e agrícolas nesses territórios supostamente santuários invioláveis, mas já vítimas de desmatamento e garimpo ilegal de ouro. No ano passado, a Apib entrou com uma denúncia contra o presidente Bolsonaro por “genocídio“.
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Jair Bolsonaro e seus apoiadores no Parlamento tentam forçar a aprovação de um projeto de lei que autoriza as atividades de mineração em terras indígenas. Para os bolsonaristas, isso possibilitaria explorar reservas de potássio para compensar uma possível escassez de fertilizantes importados da Rússia devido ao conflito na Ucrânia. Mas uma associação que representa as principais mineradoras que operam no Brasil criticou o projeto na terça-feira, dizendo que um “debate aprofundadofoi necessário, especialmente com representantes dos povos indígenas.
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