Três funcionários do Ministério da Economia, que pediram anonimato para discutir deliberações internas, disseram que o ministério não recebeu nenhuma ordem para considerar a mudança do teto constitucional de gastos e que resistiriam ao relaxamento das regras tributárias.
Bolsonaro fica atrás nas pesquisas de opinião do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que repetidamente pediu gastos mais altos. Analistas alertam que o titular de direita pode recorrer a sugestões econômicas cada vez mais populistas para tentar recuperar o atraso nesta corrida altamente polarizada.
Bolsonaro avançou em 2018 prometendo políticas econômicas tradicionais e privatizações maciças, mas não conseguiu implementar a maioria desses planos e confiou cada vez mais em subsídios de energia e gastos sociais para aumentar sua popularidade.
“No ano passado tivemos cerca de 300 bilhões de reais (US$ 61,3 bilhões) em receita excedente, mas você não pode gastar um centavo em infraestrutura por causa do teto de gastos”, disse Bolsonaro durante a reunião em entrevista à rádio.
“Muitas pessoas estão dizendo que isso é algo que precisa mudar. Deixamos isso para o futuro e discutiremos essa questão após as eleições”, acrescentou.
O teto de gastos foi aprovado pelo Congresso brasileiro em 2016, para alterar a Constituição para limitar o crescimento do orçamento federal à taxa de inflação.
A regra é vista como a base da política fiscal, embora o governo Bolsonaro tenha criado exceções para abrir espaço para mais gastos públicos este ano.
O ministro da Economia também sugeriu novas formas de financiar os gastos públicos, incluindo uma proposta no mês passado para criar um fundo com a venda de ativos públicos para pagar programas de redução da pobreza e investimentos públicos.
($1 = 4,8967 riais) (Reportagem de Ricardo Brito; Redação de Gabriel Araujo e Marcela Ayres; Edição de Brad Hines, Paul Simão e Rosalba O’Brien)