Mais da metade dos brasileiros são a favor da abertura de um processo de impeachment do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, pela primeira vez desde o início de seu mandato, de acordo com uma pesquisa divulgada no sábado.
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A pesquisa de opinião do instituto Datafolha, cujas outras duas partes foram publicadas na noite de quinta e sexta-feira, mostra que 54% dos entrevistados querem que o presidente da Câmara dos Deputados dê seguimento a um dos mais de 120 pedidos de impeachment arquivado até agora.
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Mas essa hipótese é considerada improvável pelos especialistas, sendo o presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado do chefe de Estado.
Na pesquisa anterior do Datafolha, em maio, 49% dos entrevistados eram a favor do impeachment de Bolsonaro.
Dados divulgados no sábado mostram que o percentual é ainda maior entre mulheres (59%), jovens (59%), pobres (60%), negros (65%) e gays ou bissexuais (77%).
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O chefe de estado é fortemente criticado por sua gestão da crise do coronavírus, que já matou mais de 530 mil no Brasil, o segundo país mais enlutado do mundo depois dos Estados Unidos.
A pressão sobre o governo aumentou nas últimas semanas, com suspeitas de corrupção na compra das vacinas Covid-19.
Na noite de quinta-feira, a primeira parte da pesquisa Datafolha mostrou que, pela primeira vez, mais da metade dos questionados desaprovou a gestão do presidente Bolsonaro (51%), contra 45% em maio.
E o líder da extrema direita está mais uma vez perdendo em grande parte na eleição presidencial de 2022 contra o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.
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Jair Bolsonaro provocou protestos na sexta-feira ao lançar dúvidas sobre a cédula de 2022, dizendo que ela não aconteceria se a votação por cédula de papel não fosse permitida, além da votação eletrônica em vigor desde 1996.
Com o atual sistema eleitoral, “corremos o risco de não termos eleição no ano que vem. Seu futuro está em jogo ”, havia declarado a simpatizantes em Brasília, qualificando na passagem o presidente do tribunal superior eleitoral, Luis Roberto Barroso, de“ imbecil ”por sua recusa em acatar seu pedido.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que “todos aqueles que reivindicam o retrocesso do Estado democrático de direito no Brasil seriam designados pelo povo brasileiro e pela história como inimigos da Nação”.
No sábado, oito partidos de centro e direita emitiram uma declaração conjunta em apoio ao atual sistema eleitoral brasileiro.