BRASILIA | O Supremo Tribunal Federal do Brasil adiou indefinidamente um julgamento fundamental sobre a demarcação de terras indígenas, um dos juízes pedindo mais tempo para analisar o caso.
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Nesse julgamento, os 11 magistrados do tribunal superior devem se pronunciar sobre a validade do “marco temporal” concedendo direitos aos indígenas apenas sobre as terras por eles ocupadas no ano da promulgação da Constituição de 1988.
Na quarta-feira, houve voto a favor e voto contra quando o juiz Alexandre de Moraes pediu o adiamento, visto que alguns aspectos precisavam ser analisados com mais profundidade.
O julgamento terá de ser retomado em data posterior, sem prazo fixo, o que poderá adiar a decisão final do STF em várias semanas ou mesmo meses.
Na semana passada, o primeiro desembargador a julgar, o relator Edson Fachin, votou contra o “prazo”, argumentando que isso impediria os índios “de exercerem plenamente seu direito” de ocupação de suas terras ancestrais.
Na quarta-feira, o juiz Kassio Nunes Marques, recentemente nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, votou a favor.
Segundo ele, a ausência desse “prazo” arriscaria dar “a possibilidade de aumentar indefinidamente a extensão” das terras indígenas.
Uma tese defendida pelo poderoso lobby do agronegócio, mas contrária à Constituição, para as comunidades indígenas.
Segundo eles, muitas terras ancestrais não foram ocupadas pelos índios em 1988 porque foram despejados ao longo dos séculos, principalmente durante a ditadura militar (1964-1985).
“Muitas comunidades indígenas estão aguardando a demarcação de seus territórios, esse adiamento da sentença dá mais tempo aos invasores para explorar ilegalmente essas terras”, lamentou em nota Eloy Terena, advogado da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) .
Muitas terras indígenas estão sujeitas a invasões de mineradores e traficantes de madeira, com consequências ambientais catastróficas, como poluição de rios e desmatamento.
Pouco depois de sua eleição, Jair Bolsonaro anunciou que não cederia “um centímetro a mais” aos indígenas cujos territórios cobrem 13% do país.
Se o Supremo Tribunal Federal validasse a noção de “prazo”, os povos indígenas poderiam ser expulsos de suas terras se não comprovassem que as ocuparam em 1988.
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