(Brasília) O presidente brasileiro Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira um decreto que visa o desenvolvimento da extração de ouro, principalmente na Amazônia, um texto criticado por ambientalistas, preocupados com o desmatamento e a poluição dos rios.
Publicado às 13h03
Este decreto prevê a “implementação de políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento da mineração artesanal e de pequena escala, com vistas ao desenvolvimento sustentável”.
A “região prioritária” para o desenvolvimento dessas atividades é a “Amazônia Legal”, um conjunto de nove estados do norte do país que abrigam a floresta amazônica, 60% dela em território brasileiro.
Jair Bolsonaro, cujo pai já foi garimpeiro, sempre defendeu os garimpeiros, que ele vê como aventureiros intrépidos tentando sair da pobreza.
Mas seus detratores denunciam graves consequências para o meio ambiente.
As atividades de mineração causaram a destruição de 125 km2 da floresta amazônica no ano passado, uma área maior que a de Paris intramuros.
O uso de mercúrio para separar as partículas de ouro de outros sedimentos também é uma fonte de poluição dos rios.
Isso sem falar no fato de que o garimpo de ouro ocorre frequentemente em territórios supostamente reservados aos nativos.
De acordo com o Ministério Público brasileiro, muitos garimpeiros têm ligações com o crime organizado e às vezes surgem conflitos entre moradores e capangas pagos por garimpeiros ilegais.
O garimpo de ouro em si não é ilegal no Brasil, desde que você tenha licenças ambientais e pratique essa atividade em terrenos onde é permitido. Mas a maioria dos garimpeiros não tem essas licenças.
O governo estima que cerca de 4.000 garimpeiros ilegais operam em territórios indígenas na Amazônia, um número que os ambientalistas dizem ser grosseiramente subestimado.
Segundo Suely Araujo, ex-presidente do órgão ambiental Ibama e integrante do coletivo de ONGs Observatoire du Climat, o governo “deve garantir que essa atividade seja melhor regulamentada, com licenças ambientais”.
“Mas essa não é a principal preocupação deles. Querem defender os ”valores históricos do setor” (gold panning), ou seja, a destruição do meio ambiente”, acrescenta.
O presidente Bolsonaro, que sempre defendeu a expansão das atividades de mineração e agricultura na Amazônia, tem sido amplamente criticado pela comunidade internacional pelo aumento do desmatamento desde que chegou ao poder há três anos. ano.
Desmatamento na maior floresta tropical do mundo atingiu 13.235 km2 durante o período de referência de agosto de 2020 a julho de 2021, inédito em 15 anos.