O presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi presenteado por seu ministro da Justiça com a medalha “Mérito indigenista”, destinada a premiar pessoas que trabalharam para a proteção das populações indígenas. Uma decoração considerada totalmente “absurda” por seus oponentes.
Vários ministros de seu governo também foram premiados por sua ação em favor das populações indígenas, em particular as da Agricultura e Defesa. Esta distinção, anunciada no Diário Oficial, é “um reconhecimento de serviços prestados por altruísmo, para o bem-estar, proteção e defesa das comunidades indígenas”.
No entanto, a gestão de Bolsonaro tem sido marcada por medidas bastante desfavoráveis à preservação das comunidades indígenas e seus territórios. No início de 2020, o presidente de extrema direita se mostrou a favor de um projeto de lei que autoriza a mineração e a exploração agrícola em territórios reservados às populações indígenas. Esta é uma disposição que as empresas mineiras pedem há anos, mas que põe em perigo tanto as florestas como a biodiversidade, mas também as pessoas que nelas vivem.
As associações rebeldes
Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019 prometendo que não cederia “nem mais um centímetro” aos territórios reservados aos indígenas, já parcialmente destruídos pelo desmatamento ilegal. Antes de sua eleição, quando era deputado, disse que “em 2019, vamos cancelar a demarcação dessa reserva e vamos dar armas aos fazendeiros”. Hoje, o conflito na Ucrânia representa uma “oportunidade”, segundo Jair Bolsonaro, de aprovar seu projeto de lei de mineração na Amazônia, devido à queda nas exportações russas de fertilizantes.
Desde que chegaram ao poder, muitas ONGs, associações e lideranças indígenas denunciaram o “genocídio” perpetrado pelo presidente brasileiro. A Associação dos Povos Indígenas do Brasil considerou “absurda” a concessão desta medalha. “Bolsonaro é inimigo da saúde indígena, tanto que durante a pandemia de Covid-19 trabalhou para agravar a crise sanitária e humanitária. Ele desconstruiu a saúde dos indígenas e por isso foi denunciado internacionalmente por genocídio”, denunciou a associação em um comunicado de imprensa.
Um grupo de deputados da oposição, a Frente Parlamentar Ecológica, por sua vez, indicou que proporia uma moção para anular o despacho do Ministério da Justiça sobre a entrega desta medalha.
