Jair Bolsonaro, que denuncia como “perseguição” a profusão de investigações judiciais contra ele, nega ter cometido qualquer crime na gestão das joias.
Seu advogado, Paulo Cunha, disse na rede social X que os líderes brasileiros “não têm influência direta ou indireta” na gestão de presentes oficiais. A decisão de destinar um presente ao patrimônio público ou ao presidente é tomada por uma comissão, segundo Paulo Cunha. “Em nenhum momento ele pretendeu apreender ou ficar com bens que pudessem, de uma forma ou de outra, ser considerados públicos”, disse o advogado.
Segundo a polícia, o “grupo investigado atuou para desviar dos cofres públicos brasileiros diversos presentes de alto valor recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (…) durante viagens internacionais e doados por autoridades estrangeiras”. A operação tinha como objetivo vender as joias ao exterior “com o objetivo de promover o enriquecimento ilícito do ex-presidente”, indica a investigação.
Parte das moedas foi vendida “e os valores obtidos foram convertidos em dinheiro e ingressados no patrimônio pessoal do ex-presidente (…) sem passar pelo sistema bancário formal”, acrescenta o relatório enviado ao STF.
Pelo menos US$ 25.000 teriam sido pagos a Jair Bolsonaro. O valor dos presentes “totaliza US$ 1,22 milhão”, corrigiu a polícia, após inicialmente dar uma quantia de US$ 4,5 milhões.
O campo de Bolsonaro aproveitou essa correção para desacreditar a reportagem. “Vamos esperar muito mais correções. A última será dizer que todas as joias ‘desviadas'” estão nas mãos das autoridades, escreveu o ex-presidente no X.
A imprensa brasileira revelou o caso em março de 2023, após agentes da Receita Federal apreenderem joias encontradas na mochila de um funcionário do governo Jair Bolsonaro que retornava de viagem oficial ao Oriente Médio em 2021.
Entre os presentes estavam um anel, colar e brincos da marca suíça Chopard, avaliados em cerca de US$ 828.000, além de relógios Chopard e Rolex de ouro e diamantes, além de outras joias, de acordo com o relatório policial de quase 500 páginas.
Após a revelação do caso, assessores de Jair Bolsonaro recuperaram e devolveram ao estado parte dos objetos vendidos, afirma a reportagem.
Segundo a Polícia Federal, o dinheiro obtido com a venda das joias “poderia ter sido usado para cobrir despesas de Jair Bolsonaro” nos Estados Unidos, onde ele permaneceu por alguns meses após o mandato.
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