Uma vez por ano, o Rio se transforma, vibrando com as cores do seu famoso carnaval. Lançado oficialmente na sexta-feira, culmina no domingo e na segunda-feira com os desfiles das maiores escolas de samba dentro do emblemático Sambódromo.
Do anoitecer ao amanhecer, as escolas desfilam pela Avenida Marques de Sapucaí, artéria de 700 metros de extensão cercada por arquibancadas com 70 mil lugares. Domingo e segunda-feira desfilam as 12 escolas do “Grupo Especial”, equivalente à primeira divisão das escolas de samba. Cada um almeja o título de campeão.
As escolas têm de 60 a 70 minutos para convencer o júri, que decide critérios como o figurino, o desenvolvimento do tema do desfile, a seção rítmica (“tambores”) e os carros alegóricos monumentais (“alegorias”).
Para essas escolas também é o momento de passar uma mensagem, através da magia, é sobre o Brasil, sua história e sua identidade que as escolas vão falar. “Campo de investigação artística” e “crítica social” andam de mãos dadas com o carnaval, diz Vivian Pereira, integrante do grupo de estudos independente Quilombo do samba.
“As escolas de samba estão atentas ao contexto social e político e utilizam o seu espaço, o tempo que passarão na Avenida Marques de Sapucaí, para se expressarem sobre esses temas”, acrescenta -Ela.
No programa: exaltação de figuras negras pouco conhecidas, ou conhecidas como a cantora Alcione, evocação de tradições com raízes na África, mas também homenagens às comunidades indígenas.
A Escola Salgueiro celebrará a visão de mundo dos Yanomami, um povo da Amazônia que enfrenta uma grave crise humanitária causada pelas incursões dos garimpeiros ilegais.
Com o regresso ao poder no ano passado do líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, o tom geral parece geralmente menos ofensivo do que foi durante os quatro anos de Jair Bolsonaro no cargo.
Financeiramente, o carnaval carioca pesa muito na economia do país: para 2024 o carnaval recebeu do governo regional o financiamento mais significativo da sua história, 62,5 milhões de reais (quase 12 milhões de euros). Desse valor, 40 milhões de reais são destinados às escolas de samba. A prefeitura do Rio paga mais 40 milhões.
Cerca de 5,3 mil milhões de reais (mil milhões de euros) serão injetados na economia durante o feriado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para todo o Brasil, a projeção é de nove mil milhões de reais (cerca de 1,7 mil milhões de euros).
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