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Brasil: novo revés para os indígenas e para Lula no Parlamento

O Parlamento do Brasil restabeleceu na quinta-feira os principais artigos de um projeto de lei que visa limitar significativamente o reconhecimento de terras indígenas, anulando o veto do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sessão conjunta das duas câmaras, a maioria de 321 deputados e 53 senadores votou pela manutenção no texto das referências à polêmica tese do prazo.

Segundo esta tese, os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam quando a Constituição foi promulgada em 1988. No entanto, os indígenas argumentam que muitos territórios ancestrais não foram ocupados na época porque foram expulsos. homem Militar durante séculos, nomeadamente durante a ditadura militar (1964-1985).

Presidente Lula na presença do líder do povo Kayapó, Raoni Metuktire (à sua esquerda), e da Ministra do Indígena, Sonia Guajajara (à sua direita).

Foto: Getty Images/Andressa Anholete

O Supremo Tribunal ao resgate

A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) anunciou aoAFP que ela recorreu ao Supremo Tribunal para exigir que a lei fosse declarada inconstitucional.

Este mesmo Supremo Tribunal já havia rejeitado o conceito de prazo durante um julgamento histórico no final de setembro. No entanto, isso não impediu que os senadores aprovassem na semana seguinte um projeto de lei segundo o qual esta tese deveria ser aplicada para a atribuição de terras aos povos indígenas.

Lula exerceu veto parcial em outubro, mas os parlamentares restabeleceram na quinta-feira artigos importantes que ele havia retirado do texto original. Garantimos segurança jurídica ao setor agropecuário brasileirocomemorou na rede X (antigo Twitter) o senador Ciro Nogueira, ex-ministro do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.

A tese de prazo é defendida ardentemente pelo agrocomércio, um dos motores da economia brasileira, em constante busca por terras para explorar.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja, com 156 milhões de toneladas em 2022-2023.

Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Prazo é recompensa para ladrões de terras indígenaslamentou a deputada indígena Celia Xakriaba durante a sessão parlamentar.

Os povos indígenas representam menos de 1% da população brasileira de 203 milhões. No entanto, os territórios que ocupam são considerados pelos cientistas como muralhas essenciais contra a desflorestação e, portanto, para a luta contra o aquecimento global.

A Constituição garante-lhes o direito inalienável de ocupar as suas terras ancestrais, bem como o uso exclusivo dos recursos naturais, preservando o seu modo de vida tradicional.

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