O Congresso do Brasil aprovou uma grande reforma tributária na sexta-feira, uma vitória política para o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva e um ponto de viragem para a maior economia da América Latina. Esta é a primeira reforma do sistema tributário de consumo do Brasil desde o início da ditadura militar (1964-1985).
A Câmara dos Representantes aprovou esta proposta de alteração à Constituição em duas votações separadas, com 365 votos – eram necessários 308 votos – na volta final. Esta foi a segunda revisão deste texto após alterações feitas pelo Senado em novembro. “É a reforma mais importante porque regula todo o sistema produtivoO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez o anúncio após a votação. ela “Faz do Brasil um dos países mais modernos do mundo“, acrescentou. Por sua vez, o presidente do Congresso, Arthur Lira, descreveu este dia como “Dia da história“, sublinhando que esta reforma visa “Reduzir a burocracia e tornar o cálculo dos impostos mais transparente“.
Tal reforma, que o governo descreve como “Histórico», já era cobiçado por ex-executivos, especialmente pelo ex-presidente de extrema direita do país, Jair Bolsonaro (2019-2022). Mas todas as vezes ela se opôs à falta de consenso. Combina cinco impostos em um único imposto, o imposto sobre valor agregado (IVA), que será dividido em um imposto federal e um imposto estadual. Também reduz as taxas de impostos em sectores como a saúde, a educação e os produtos alimentares básicos, e inclui incentivos para os fabricantes de carros eléctricos e de veículos a biocombustíveis.
A proposta de lei prevê um período de transição até 2033, altura em que o novo sistema entrará em vigor. O valor do imposto sobre o valor acrescentado será determinado posteriormente por lei, mas deverá rondar os 27%, o que é uma das taxas mais elevadas do mundo, segundo as últimas estimativas do Ministério das Finanças. O governo disse que este valor, e o consequente aumento da carga fiscal sobre o sector dos serviços, seriam mitigados por compensação.