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“É difícil respirar”, moradores mergulham em nuvens de fumaça

Nesta cidade de 460 mil habitantes, localizada perto da fronteira com a Bolívia, o nível de partículas finas (PM2,5) atingiu 56,5 microgramas por metro cúbico, 11 vezes maior que o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 14 de agosto, esse nível atingiu o pico de 246,4 microgramas por metro cúbico, nível considerado “perigoso”, limite máximo definido pela IQAir, empresa sediada na Suíça.

A fumaça dos incêndios florestais tingiu o céu de Porto Velho de cinza escuro e a cidade parece coberta por uma névoa espessa. Às vezes é difícil distinguir prédios à distância que normalmente são perfeitamente visíveis. “É terrível, ontem acordei meia-noite e meus olhos estavam ardendo por causa da fumaça que entrou em minha casa”, diz Carlos Fernandes, aposentado de 62 anos.

Ele diz que Porto Velho vive seu “pior episódio de fumaça” neste ano, apontando para incêndios “em áreas rurais”, onde fazendeiros praticam a técnica de derrubada e queimada para limpar pastos. O governo estadual lançou uma campanha online convocando a população a denunciar queimadas ilegais.

Seca e incêndios

De acordo com dados coletados por satélites do Instituto de Pesquisas Espaciais do Inpe, o estado de Rondônia registrou seu pior julho em incêndios florestais em 19 anos no mês passado, com 1.618 focos identificados. E a situação continua piorando, com 2.114 focos já registrados de 1 a 19 de agosto.

Imagens aéreas mostram grandes áreas de floresta completamente queimada no território do município de Cujubim, a leste de Porto Velho. Entre 1º de janeiro e 19 de agosto, os incêndios aumentaram 87% em relação a 2023 na Amazônia brasileira, que sofre com uma seca severa há meses.

Imagens de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) mostram uma espécie de corredor de fumaça que atravessa o Brasil de norte a sul, passando também pela Bolívia e Paraguai. Outras cidades da região também têm sofrido especialmente com a fumaça nas últimas semanas, como Manaus, a maior metrópole da Amazônia, onde a agência de saúde pública Fiocruz recomendou o uso de máscaras de proteção ao sair às ruas.

Riscos para a saúde

Segundo autoridades do estado de Rondônia, a fumaça na capital também vem de incêndios na Bolívia, a oeste, e do estado vizinho do Amazonas, ao norte. “Como estamos no centro do continente, a fumaça fica mais tempo aqui”, disse Caê Aires, chefe do Centro de Gestão Operacional de Proteção da Amazônia (Censipam) em Porto Velho, em um vídeo publicado na conta do governador de Rondônia, Marcos Rocha, no Instagram.

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