Categories: Economy

“Encontramos uma população atordoada sozinha na lama”

Sul da Bahia em dezembro de 2021, região de São Paulo em janeiro de 2022, Petrópolis, Rio de Janeiro em fevereiro e agora Pernambuco: o Brasil vive uma série de tragédias negras causadas pela chuva. Desde quarta-feira, 25 de maio, o estado de Pernambuco, onde nasceu o ex-presidente Lula, no nordeste do Brasil, sofre com chuvas muito fortes. Ontem, sábado, caíram 236 mm de chuva na capital Recife, o equivalente a mais de 70% da previsão para todo o mês de maio (328,9 mm), segundo os serviços meteorológicos.

A devastação é grande em toda a área urbana do Recife, onde vivem mais de 4 milhões de pessoas: deslizamentos de terra destruíram dezenas de casas construídas na encosta, causando muitas vítimas. Mas os três principais rios que transbordavam também destruíram as casas construídas nas margens e inundaram a maioria dos 14 municípios da periferia de Recife.

“Em alguns bairros, a água roubou tudo e as pessoas não têm mais nada. Uma população atordoada, sem sapatos, encontra-se sozinha na lama. As perdas sociais e econômicas são enormes.” Explica Vitória Álvares, que, junto com o movimento dos sem-terra, participa da distribuição de alimentos. E as chuvas, nesta segunda-feira, causaram mais danos no estado de Alagoas, sul de Pernambuco. O balanço, ainda provisório, informa nesta terça-feira pelo menos 100 mortos, 14 desaparecidos e mais de 6.000 pessoas que perderam suas casas em abrigos abertos pela prefeitura.

‘geografia complexa’

“Recife tem uma geografia especial e complexa, entre morros às vezes escarpados de um lado, e do outro uma região estuarina onde correm os rios Capibarib e Piperi. Nas últimas décadas, a população pobre foi afastada das planícies e transferida para as morros, embora essas áreas sejam vulneráveis, onde sempre é contabilizado o maior número de mortes”Explica Osvaldo Girão, professor de geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Recife já foi atingida por desastres semelhantes, notadamente em 1975, com mais de 103 vítimas – 80% da área da cidade foi encontrada debaixo d’água. Depois, novamente em 1986 e novamente em 2010.

Leia também Este artigo é reservado para nossos assinantes A adaptação às mudanças climáticas está seriamente subfinanciada

Na origem desses desastres, surgiu o mesmo fenômeno meteorológico: a turbulência atmosférica que se forma nesta época do ano e se desloca da África em direção à costa atlântica do Brasil. “Esta é uma dinâmica natural do clima, que não é particularmente amplificada pelas mudanças climáticas de acordo com nossas leituras. Por outro lado, a destruição ambiental, a urbanização descontrolada e a superpopulação não permitem mais absorver a influência do clima. Em suma, a problema não está no céu, mas na superfície da terra”, Estimativas do climatologista Carlos Jardim, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais.

Você tem 42,91% deste artigo para ler. O seguinte é apenas para assinantes.

Share
Published by
Opal Turner

Recent Posts

Brasil abre o baile para as crianças

Criar uma conta Habilite o JavaScript no seu navegador para acessar o cadastro em…

2 semanas ago

Escolhendo o relé térmico certo para a proteção ideal do motor

Os motores elétricos servem como a espinha dorsal das operações industriais, impulsionando uma infinidade de…

4 semanas ago

“Nenhum filme sozinho pode proteger os povos indígenas”

René Nader Misura e João Salaviza retratam incansavelmente a resistência Krahu no Nordeste do Brasil.…

1 mês ago

Usando excitações atômicas para medir a rotação do espaço-tempo

A taxa de excitação de átomos sob diferentes valores de ohm. Fonte: Arksif (2024). doi:…

2 meses ago

Samsung Electronics anuncia SDC24, marcando uma década de inovação aberta e destacando inovações em IA

Desenvolvedores, parceiros e clientes estão convidados a participar da Samsung Developer Conference 2024 pessoalmente ou…

2 meses ago

Kamala Harris na CNN: Entre a cautela e a admissão de fraqueza

essa noite, Kamala Harris finalmente dá sua primeira entrevista com Dana Bash na CNN. Mas…

2 meses ago