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entenda a diferença entre os voos de Marcos Pontes e Victor Hespanha

No último sábado (4), com o lançamento do quinto voo tripulado da Blue Origin, o engenheiro de produção civil Victor Correa Hespanha tornou-se o segundo brasileiro a viajar ao espaço. Antes dele, apenas o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Marcos Pontes tinha esse privilégio.

Na 5ª missão tripulada da Blue Origin, o engenheiro civil de produção Victor Hespanha tornou-se o 2º brasileiro a ser lançado ao espaço. Imagem: Arquivos Pessoais – Instagram

Ambos, no entanto, podem ser considerados pioneiros. Enquanto Pontes foi o primeiro astronauta brasileiro e sul-americano a sair da Terra, Hespanha detém o título de primeiro turista espacial do Brasil.

Mas o que, afinal, distingue essas duas denominações? E mais: quais as diferenças entre os voos realizados por um e outro?

Os turistas espaciais não são astronautas

Na linguagem popular, todos que vão ao espaço são chamados de astronautas (ou suas especificações nacionais, como cosmonautas da Rússia e taikonautas da China). Mas, na realidade, existem critérios a serem avaliados para que um viajante espacial receba essa designação.

Além da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), outras duas agências governamentais dos EUA estão autorizadas a conferir o título de astronauta: o Departamento de Defesa e a NASA, que concedem esse status apenas a seus próprios funcionários.

De acordo com as diretrizes da FAA, os tripulantes de voos superiores a 80 km acima da superfície da Terra podem ser classificados como astronautas. De acordo com essa métrica, estão incluídos os passageiros das missões Blue Origin, já que os voos da empresa ultrapassam inclusive a linha de Kármán, localizada 100 km acima do nível do mar e considerada a fronteira onde começa o espaço sideral.

No entanto, este não é o único fator determinante. Um candidato a astronauta deve passar por um extenso treinamento certificado pela FAA e “demonstrar em voo ações que sejam importantes para a segurança pública ou que contribuam para a segurança do espaço humano”. Além disso, a pessoa deve ser designada à tripulação para realizar determinadas tarefas durante o voo, e não ser apenas um passageiro comum.

A cápsula New Shepard, que leva os passageiros da Blue Origin em missões tripuladas, é um sistema totalmente autônomo, portanto, nenhum deles precisa assumir funções de piloto ou qualquer outra atividade. Assim, Hespanha e os demais integrantes das missões tripuladas da empresa são turistas espaciais, não astronautas.

Diferenças entre os voos espaciais de Marcos Pontes e Victor Hespanha

Ciência X Turismo. Essa é a diferença fundamental entre as missões espaciais de Marcos Pontes e Victor Hespanha.

Natural de Bauru (SP), Pontes é formado em tecnologia aeronáutica pela Academia da Força Aérea (AFA), na cidade de Pirassununga, São Paulo, e mestre em engenharia de sistemas pela US Naval Graduate School, Califórnia. Ele se formou oficialmente como astronauta em 2000, depois de ser selecionado pela NASA para participar do curso de treinamento de dois anos de seu programa de treinamento de astronautas.

Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, foi astronauta, treinado pela NASA, e foi o primeiro brasileiro a ir ao espaço. Imagem: Arquivo Pessoal – Reprodução Instagram

Hespanha, por sua vez, conquistou sua vaga por meio de sorteio organizado pela Crypto Space Agency (CSA), após investir cerca de R$ 12 mil na compra de três NFTs (sigla para token não fungível, espécie de arquivo digital certificado). .

A primeira viagem espacial de Pontes aconteceria em 2001, em uma das missões do projeto de construção da Estação Espacial Internacional (ISS). Mas uma série de situações acabou colocando o astronauta brasileiro no final da linha de lançamento da NASA para o laboratório em órbita.

Ele acabou indo para a agência espacial russa Roscosmos, que recebeu cerca de US$ 10 milhões do Brasil para o “passeio” em uma espaçonave Soyuz, ocorrida em 2006. Na ocasião, o brasileiro levou 15 quilos de carga espacial brasileira. Agência (AEB), contendo oito experimentos científicos desenvolvidos por universidades e centros de pesquisa de todo o país.

Entre a ida, a permanência e o retorno, a missão de Pontes à ISS, que fica a 408 km da Terra, durou 10 dias, levando em conta quase 24 horas de viagem em cada trecho.

O passeio que Hespanha fez no sábado durou dez minutos. O foguete New Shepard decolou do local de lançamento 1 da Blue Origin em Van Horn, oeste do Texas, às 10h26 (GMT), 26 minutos depois do programado.

Logo após a decolagem, o primeiro estágio do foguete pousou verticalmente perto do local de lançamento, seguido pela cápsula RSS First Step, que pousou no deserto usando um pára-quedas. Durante todo o voo, o brasileiro e os demais tripulantes só tiveram que se preocupar em aproveitar os três minutos de quase ausência de gravidade e desfrutar de uma vista inigualável pelas janelas.

Mesmo uma missão “simples” como essa exige muita preparação, tanto do veículo e dos equipamentos em geral, quanto das pessoas envolvidas (a tripulação e toda a equipe técnica). Antes do voo, Hespanha e seus companheiros aventureiros tiveram que passar por dois dias de treinamento – nem mesmo comparável ao processo de treinamento dos astronautas.

Lançamento do foguete New Shepard, da Blue Origin, no sábado (4), que levou ao espaço o primeiro turista espacial do Brasil. Origem/Divulgação Azul

eles vão encontrar

Em entrevista com Aparência digital, concedido algumas semanas antes do voo Blue Origin, Victor Hespanha manifestou o desejo de conhecer Marcos Pontes. Na altura ainda não havia negociação entre eles neste sentido, mas pouco depois, via Instagram, Hespanha revelou que o encontro já estava a ser organizado.

O natural de Belo Horizonte deseja expressar, sempre que possível, todo o seu respeito à comunidade científica e aos astronautas em geral. “Tenho enorme respeito pela comunidade científica e pelos astronautas. Eles estudam muito para isso, se dedicam e eu aprecio muito esse esforço”, disse o brasileiro.

“Sou um viajante espacial, que terá o privilégio de ver a Terra de cima, a escuridão do Universo e as estrelas de um pouco mais de perto, a curvatura do planeta”, disse. declarou, antes do lançamento. “Então, me considero privilegiado por poder ver isso, mas não me considero um astronauta. »

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