O Brasil foi abalado por um escândalo de proporções sem precedentes, que afetou tanto os principais atores económicos como figuras pertencentes à coligação de centro-esquerda governada pela Presidente Dilma Rousseff. A luta contra a corrupção está hoje no topo da agenda do gigante sul-americano e de outros países da região.
O que é o escândalo da Petrobras?
É um caso de corrupção política, revelado em Março de 2014, que afecta tanto a petrolífera estatal, a Petrobras, como as gigantescas construtoras brasileiras (Construção e Obras Públicas). Esses dois setores trabalham juntos em grandes projetos de infraestrutura, especialmente aqueles ligados a novas reservas em águas profundas descobertas na costa sul do Brasil.
As construtoras teriam formado um consórcio para partilhar esses mercados e aumentar os preços neles. Em troca, teriam sido pagos subornos aos partidos da coligação governamental de centro-esquerda, que está no poder desde a posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). O principal objetivo dos desvios e propinas seria financiar campanhas eleitorais, sem excluir a possibilidade de que alguns líderes empresariais ou políticos se ajudassem nesse processo.
Quais empresas são afetadas?
Além da Petrobras, a investigação atingiu todas as grandes construtoras: OAS, Odebrecht, Camargo Correia, Mendes Junior, Galvão, Iesa, Engevix e UTC/Constran. Algumas delas são empresas multinacionais, localizadas em vários continentes. CEOs e altos funcionários foram presos após a investigação. É curioso que a Odebrecht, a primeira empresa do ramo da construção, tenha conseguido passar esta fase, enquanto este grupo obteve mercados maravilhosos, em Cuba, na Venezuela e até em África, sem licitação, graças aos bons ofícios do ex-presidente Lula.
Quem são os beneficiários do esquema de financiamento oculto?
A investigação revelou sobretudo o envolvimento do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Lula e da presidente Dilma Rousseff; o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, centro), principal aliado do Partido dos Trabalhadores no governo, no Senado e na Câmara dos Deputados; Do Partido Progressista (Partido Popular, à direita), liderado pelo ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf.
Dilma Rousseff está envolvida?
O Procurador-Geral da República não citou o presidente entre os suspeitos. No entanto, uma grande parte da opinião pública acredita que este é o caso “responsável” Falha em ser ” pecador “. Por que ? Porque ela era Ministra de Energia, Ministério de Supervisão da Petrobras, e depois Chefe de Gabinete do Presidente se não fosse a época dos acontecimentos. Nessa função, também presidiu o Conselho de Administração da Petrobras. Em suma, para muitos, “Ela não pode não saber.”.
Durante seu primeiro mandato presidencial, Dilma Rousseff ganhou reputação de incorruptível e rapidamente se separou de ministros suspeitos de desrespeito. No entanto, ela hesitou muito antes de pedir à sua amiga Graça Foster que deixasse seu cargo à frente da Petrobras, enquanto ela estava desestabilizada pela escala do escândalo.
A investigação é imparcial?
A separação de poderes é real no Brasil, diferentemente de outros países latino-americanos. O caso foi conduzido em conjunto pelo juiz regional júnior, Sergio Moro, radicado em Curitiba, e pela Polícia Federal, órgão de elite que já deu provas em outros casos de grande repercussão. Uma comissão parlamentar de investigação também está a trabalhar no escândalo.
Os juízes esperam que o procedimento não dure muito, como o chamado escândalo mensalão (“Grande mensalidade”), divulgada na imprensa em 2004. As condenações do Supremo Tribunal foram anuladas em 2012. Para efeito de comparação, mensalão Poderia ter faturado 100 milhões de reais (30 milhões de euros), enquanto no caso Petrobras-BTP estamos a falar de nada menos que 3 mil milhões de reais, ou até três vezes mais segundo algumas fontes.
Qual é o impacto político e económico do escândalo?
Espera-se que o drama jurídico continue por pelo menos um ano. A coalizão governamental está desestabilizada, enquanto o segundo mandato de Dilma Rousseff começa no dia 1qualquer Janeiro. A maioria parlamentar está sob tensão. A opinião irada exige cabeças. As consequências políticas são imprevisíveis.
Aplicação universal
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