Foto: Metrô (Felipe Dana/AP)
O fluxo de lama e resíduos de mineração que soterrou uma vila em 5 de novembro e poluiu a bacia do rio Doce, no sudeste do Brasil, é o pior desastre ambiental da história do país, disse o Ministro de Estado do Meio Ambiente do Brasil na sexta-feira.
“É claro que o que aconteceu na Bacia do Rio Doce é o pior desastre natural da história do país e não deve acontecer novamente”, explicou a ministra Isabel Teixeira em entrevista a O Globo.
Ela acrescentou: “Atualmente, as leis ambientais são insuficientes para lidar com um incidente desta magnitude”, apelando a mudanças legislativas para lidar com desastres como este que deixou 280 mil pessoas sem água e matou milhares e milhares de animais.
Segundo ela, a reabilitação desta bacia demorará 30 anos.
O rompimento de uma barragem contendo resíduos do processo de mineração de ferro em Minas Gerais, no dia 5 de novembro, causou uma torrente de lama que destruiu em poucos minutos uma aldeia com 630 habitantes, matando 12 pessoas e fazendo desaparecer outras 12.
62 milhões de metros cúbicos de argila pegajosa – o equivalente a 24 piscinas olímpicas, apura o jornal Folha de São Paulo. Nota do editor – Desagua então no rio e avança centenas de quilômetros pelos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
A previsão é que chegue ao mar na sexta ou sábado.
A barragem que ruiu, uma das 750 barragens deste estado brasileiro, era propriedade da mineradora brasileira Samarco, que é detida em partes iguais pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.
A presidente brasileira Dilma Rousseff disse que as três empresas são conjuntamente responsáveis por esta tragédia.
O renomado fotógrafo Sebastião Salgado, fazendeiro cujo Instituto Terra lidera um projeto de reabilitação do Rio Doce, viajou até a área afetada e se reuniu com autoridades, apresentando uma estratégia para limpar o rio, a um custo de 100 bilhões de reais (US$ 27 bilhões). .
“Está tudo morto. O rio agora é um canal árido e cheio de lama”, disse ele ao jornal O Globo.
uma multa
Diante deste desastre, as autoridades brasileiras impuseram uma nova multa de US$ 30 milhões à mineradora Samarco responsável pela barragem. Essa multa foi aplicada pela Secretaria de Meio Ambiente do estado de Minas Gerais, após esse desastre ocorrido no sudeste do país.
A assessoria de imprensa da Samarco, detida igualmente pela mineradora multinacional brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, confirmou quinta-feira à AFP que o projeto “visa reparar danos ao meio ambiente”.
A Samarco prometeu na segunda-feira pagar pelo menos US$ 260 milhões em indenização por danos ambientais, cujos efeitos podem durar cem anos, segundo especialistas.
Na última sexta-feira, o judiciário brasileiro anunciou o congelamento de 78 milhões de dólares nas contas da Samarco para “indenizar” as vítimas, valor que se somou à multa “inicial” de 67 milhões de dólares imposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (governo Obama).
A justiça federal do estado do Espírito Santo Samarco ordenou que o deslizamento fosse interrompido em 24 horas, sob pena de multa de US$ 2,6 milhões por dia.
Segundo a empresa, “as barreiras (flutuantes) serão instaladas em locais estratégicos, às margens do rio, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais”. A Samarco também reconheceu nesta terça-feira o risco de rompimento de outras duas barragens no mesmo local e colocação de blocos de rocha para reforçar sua estrutura.