Estudo de Atribuição do Clima Mundial | As mudanças climáticas ‘dobraram’ a probabilidade de enchentes históricas no Brasil

Estudo de Atribuição do Clima Mundial |  As mudanças climáticas ‘dobraram’ a probabilidade de enchentes históricas no Brasil

(Rio de Janeiro) As inundações históricas no sul do Brasil foram duplicadas pelas mudanças climáticas, que “intensificaram” as chuvas torrenciais causadas pelo fenômeno cíclico El Niño, segundo um estudo publicado segunda-feira.


Em duas semanas, caiu o equivalente a três meses de precipitação sobre o estado do Rio Grande do Sul, “um episódio extremamente raro, que só deveria ocorrer uma vez a cada 100 a 250 anos”, segundo o estudo da World Weather Attribution (WWA). ) rede científica.

Inundações drásticas submergiram cidades inteiras e devastaram campos até onde a vista alcança neste estado agrícola tão vasto como o Reino Unido.

O último relatório oficial mostra 172 mortos e 42 desaparecidos. Quase 600.000 pessoas tiveram que deixar suas casas.

“Os investigadores estimaram que as alterações climáticas tornaram este episódio duas vezes mais provável e 6 a 9% mais intenso”, explica a WWA num comunicado de imprensa.

O El Niño, fenômeno meteorológico natural associado ao aquecimento da superfície oceânica, agravou a precipitação em 3 a 10% no sul do Brasil, segundo esta rede que analisa a ligação entre este tipo de desastre e as mudanças climáticas.

“As mudanças climáticas amplificam o impacto do El Niño no sul do Brasil, tornando um episódio extremamente raro mais frequente e intenso”, diz Regina Rodrigues, uma das autoras do estudo.

Segundo este investigador da Universidade de Santa Catarina, no sul do Brasil, três das quatro piores cheias da história de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, ocorreram “nos últimos nove meses”, o que é “muito raro “.

Isto apesar do facto de o El Niño ter enfraquecido nos últimos meses, com o ciclo actual parecendo estar a chegar ao fim, abrindo caminho para o provável regresso do fenómeno oposto, La Niña, sinónimo de temperaturas globais mais frias.

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Sistema de proteção defeituoso

Antes do ano passado, quando três grandes inundações, uma das quais causada por um ciclone, já tinham causado várias dezenas de mortes, o sul do Brasil tinha sido relativamente poupado durante cerca de sessenta anos.

O suficiente para dar uma falsa sensação de segurança aos moradores, mesmo sendo uma região particularmente vulnerável a inundações, porque é atravessada por numerosos rios, estima Maja Vahlberg, consultora do Croix-Climate Centre. Vermelho e Crescente Vermelho.

Porto Alegre, metrópole de 1,4 milhão de habitantes, está localizada às margens do Lago Guaíba, alimentada por cinco rios.

A cidade contava com um sistema de proteção baseado em diques e comportas após grandes enchentes de 1941 e 1967.

Esse dispositivo deveria conter a elevação do nível das águas do Guaíba em até seis metros. Mas começou a ser ultrapassado assim que foi atingida a cota de 4,5 metros.

O sistema foi criticado por muitos moradores que reclamaram de ter a vista do lago obscurecida pelos diques. Tanto que alguns queriam vê-lo completamente desmontado.

“O que é assustador é que estas inundações mostram que o mundo deve preparar-se para episódios tão extremos que são diferentes de tudo o que vimos antes”, insiste M.meu Vahlberg.

Os investigadores da WWA também acreditam que a desflorestação e a urbanização desenfreada de cidades como Porto Alegre “agravaram os impactos” desta catástrofe climática sem precedentes.

O estudo cita em especial a perda de 22% da vegetação nativa da região em menos de quatro décadas, para dar lugar principalmente aos campos de soja.

Maja Vahlberg recomenda “implementar políticas que tornem a população menos vulnerável, aumentando a proteção contra inundações e restaurando ecossistemas”, a fim de “evitar mortes e limitar danos materiais”.

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