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Grande procissão festiva de abertura da Bienal de Dança de Lyon

Toronto, Canadá: Quatro anos depois de abrir o Festival Croisette em Cannes com seu primeiro longa-metragem, Os Miseráveis, Ladge Lee retorna com uma nova visão impressionante e profundamente pessoal da vida nos bairros operários dos subúrbios parisienses.

O Edifício 5, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), explora uma crescente crise habitacional num contexto de tensões raciais, pobreza, preconceito e brutalidade policial.

Para o realizador de 45 anos, cuja infância foi inspirada nas zonas residenciais de Clichy-Montfermeil, a realidade suburbana “não mudou realmente” desde o seu primeiro filme.

“Foi nos subúrbios onde cresci e é uma área que me toca o coração”, disse Ladge à AFP em entrevista no sábado.

“Há diferentes questões – deslocação, gentrificação”, explica, notando que “muitos moradores foram deslocados para se instalarem em áreas mais degradadas ou estão muito distantes”.

“É um problema que afeta muita gente, na França ou em qualquer outro lugar do exterior, nas grandes cidades, nos Estados Unidos, no Brasil ou em qualquer outro lugar”, acrescenta.

Em “Edifício 5”, a história gira em torno de Happy (Anta Diao), um jovem ativista pelo direito à moradia que mora em um subúrbio cujo prefeito morre repentinamente, levando à nomeação do jovem médico idealista Pierre (Alexis Manenti) para ocupar seu lugar.

Enquanto Pierre segue os planos de redesenvolvimento urbano do seu antecessor, Happy e os outros residentes do seu edifício degradado resistem aos despejos.

A tensão aumenta quando um trágico incêndio num restaurante subterrâneo leva o novo prefeito a evacuar o prédio. Hapi então entra na política, enquanto seu amigo Blaze, desanimado e irritado, decide resolver o problema com as próprias mãos, o que leva a consequências desastrosas.

Para Anta Diao, esta filmagem foi “uma experiência extraordinária”, embora algumas das cenas mais difíceis, como a descida agonizante do caixão de um ente querido por uma escada estreita, pudessem ter sido particularmente desafiadoras.

“Quando fui chamada ao set e descobri esse caixão, ali mesmo, no meio da sala, isso mesmo, não foi fácil. Não pensei que isso me afetaria tanto”, revela a jovem atriz. “Levei cinco minutos para me reformular.”

– Uma história “bastante pessoal” –

A carreira de Ladge Lee decolou rapidamente com seu primeiro trabalho, Les Misérables, que estreou no Festival de Cinema de Cannes de 2019 e ganhou o Prêmio do Júri.

Ao todo, o filme ganhou quatro prêmios César, incluindo Melhor Filme, além de uma indicação ao Oscar. Alexis Manenti recebeu o Prêmio César de Homem Mais Promissor em 2020.

Nesta nova obra, seu personagem, Pierre, um homem branco que vive em um bairro habitado principalmente por pessoas de cor, é forçado a navegar pelas voláteis vicissitudes da política local, enquanto tenta manter seu trabalho como médico e sua vida familiar. .

“Ele é alguém que quer fazer as coisas acontecerem e faz isso de uma forma bastante radical”, observa o ator ao falar sobre seu papel. “Ele acha que está certo”, explica, “e, acima de tudo, acredita que o fim justifica os meios”.

Mas quando ele evacua o prédio após um incêndio secreto em um restaurante, deixando os moradores apenas alguns minutos para fazer as malas para um futuro incerto, nada dá certo.

O filme, inspirado em acontecimentos reais, pretende falar sobre o “problema da habitação” num mundo onde hoje não há ninguém com “verdadeiras ambições políticas de mudar as linhas”, como afirma Ladj Lee.

O realizador francês, cujos pais são do Mali, ainda está assombrado pela ideia de fazer uma terceira parte, o que “fará muito mais tarde”.

“A torre, o Edifício 5, é a torre onde cresci”, diz ele, acrescentando: “Fui transferido daquela torre para ser transferido, por isso é uma história bastante pessoal para mim”.

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