O rio Guaíba, que atravessa a metrópole de Porto Alegre, sofreu uma enchente histórica e subiu para 5,30 metros. O número de vítimas humanas já é pesado, mas ainda provisório: 100 mortos, 130 desaparecidos e 374 feridos.
Imagens do apocalipse. O número de mortos devido a inundações sem precedentes no sul do Brasil atingiu esta quarta-feira, 8 de maio, os 100 mortos, tendo as operações de socorro na capital regional, Porto Alegre, também sido interrompidas devido a novas chuvas.
No estado do Rio Grande do Sul, rica região agrícola atingida durante a última semana por chuvas torrenciais, sucedem-se cenas de desolação.
Expulsos de suas casas pelas águas, moradores da favela Santo André, em Porto Alegre, montaram um acampamento improvisado em uma rodovia deserta. “Estou com medo, mas o que posso fazer?” disse Adan Moreira dos Santos, um comerciante de 55 anos.
O número de vítimas humanas já é pesado, mas ainda provisório: 100 mortos, 130 desaparecidos, 374 feridos, segundo a Defesa Civil.
Porto Alegre (cerca de 1,4 milhão de habitantes) e mais de 400 localidades foram atingidas por este mau tempo excepcionalmente violento, forçando mais de 163 mil pessoas a fugirem de suas casas. O aeroporto da cidade foi devastado.
O rio Guaíba, que corta a metrópole e sofreu enchente histórica de até 5,30 metros, caiu para 5,06 metros na quarta-feira, mas a situação continua muito delicada. Os voluntários saíram pela manhã em pequenos barcos ou jetskis para navegar pelas ruas inundadas e evacuar os moradores ainda presos pelas águas, mas também aqueles que estão relutantes em deixar as suas casas por medo de assaltos.
Mas o retorno da chuva interrompeu as operações de resgate. Perto do estádio de futebol inundado do Grêmio, onde foi improvisada uma zona de desembarque para os evacuados, os voluntários tiveram que guardar seus barcos, notaram jornalistas da AFP.
Na rede social X, a prefeitura solicitou que “os barcos envolvidos nas operações de resgate suspendam temporariamente suas atividades”. Ela também mencionou “ventos superiores a 80 km/h”.
As autoridades também apelaram às vítimas para que não tentassem regressar a casa, pois as suas casas estavam enfraquecidas.
Além disso, “a água contaminada pode transmitir doenças”, alertou Sabrina Ribas, porta-voz da Defesa Civil.
Cerca de dez dias após o início das chuvas, o cheiro é nauseante em Porto Alegre por causa da água estagnada que às vezes lembra aterros a céu aberto. E ainda há previsão de chuva na região metropolitana de sexta a domingo.
No sul do estado, as enchentes devem atingir “proporções severas” nos próximos dias devido ao volume “colossal” de água no Guaíba e em outros rios, alertou o site especializado MetSul Meteorologia.
O governo do estado tomou medidas emergenciais para cinco barragens, duas das quais estão em “risco de rompimento iminente”. Ao mesmo tempo, estão a ser estabelecidas avaliações iniciais dos danos materiais.
Quase 61 mil casas foram danificadas ou destruídas, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, que reviu em baixa o número anterior de 100 mil.
As perdas económicas atingem os 6,3 mil milhões de reais (cerca de 1,1 mil milhões de euros), segundo projeções deste órgão. Os danos sofridos por escolas, hospitais e câmaras municipais estão estimados em 351 milhões de reais (64 milhões de euros).
Após o fechamento do inundado aeroporto de Porto Alegre, a base militar de Canoas, na periferia, foi mobilizada para acomodar voos comerciais de transporte de ajuda e passageiros, anunciou a Aeronáutica.
Segundo o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, as autoridades também trabalham na construção de um “corredor humanitário” entre a cidade e sua região, ponto-chave para o abastecimento da cidade, onde já falta água potável.
O governo federal anunciou que importaria 200 mil toneladas de arroz para garantir o abastecimento e também evitar a especulação de preços, sendo o Rio Grande do Sul fornecedor de mais de dois terços do arroz consumido no Brasil.
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