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Jair Bolsonaro se tornou um espantalho em seu próprio campo

6h, 23 de novembro de 2021

O evento é analisado por especialistas da política brasileira como mais um passo rumo a uma candidatura oficial à sua reeleição, em outubro de 2022. O presidente da extrema direita, Jair Bolsonaro, vai assinar nesta segunda-feira sua filiação ao Partido Liberal, formação do a lei central que detém o terceiro maior número de deputados no Parlamento. Com, em vão, o objetivo de reavivar uma campanha que nunca para de tomar água, enquanto seu grande rival, o ex-sindicalista Lula da Silva, foi recebido esta semana como um astro do rock por vários líderes de estado e governo europeus, entre eles Emmanuel Macron.

O ex-capitão da artilharia – hoje sem rótulo após ter aderido a nada menos que oito partidos em seus trinta anos de carreira – fica com o perdedor contra o ex-presidente trabalhista, com 21% das intenções de voto contra 48%, segundo o último Quest votação. Sua marca registrada, uma mistura de ceticismo climático, posições antivacinas e nostalgia da ditadura, não é mais sonho. É até assustador.

Em todo caso, é o que pensam muitas autoridades eleitas locais, inclusive em seus antigos bastiões. Esses ex-aliados agora negam qualquer vínculo com Bolsonaro, como Ronaldo Caiado, governador do estado de Goiás (Centro-Oeste), antigo reduto da presidente devido à importância do agronegócio. O médico já anunciou que não o apoiaria em 2022. “Não podemos governar com tensões”, explicou à TV Globo.

Popularidade a meio mastro em dois terços dos estados

É o caso também do ex-prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães Neto, candidato ao cargo de governador da Bahia (Nordeste), que se aproximou do centro-esquerda. Segundo alguns especialistas, esses eleitos estão “em uma lógica de oportunismo político”. Eles se distanciariam para ver a viabilidade de um terceiro voto entre Bolsonaro e Lula, enquanto o ex-juiz Sergio Moro e o governador de São Paulo, João Doria, ainda estudam uma candidatura ao centro. Esse empoderamento do presidente cessante seria também consequência da deserção das elites econômicas e das classes média e urbana, que votaram em 2018 no Bolsonaro e que hoje estão escaldadas pelo descaso de sua gestão.

Leia também – Brasil: um ano antes da eleição presidencial, Bolsonaro se depara com os resultados de sua gestão da pandemia

Outros companheiros de viagem jogaram a toalha, com medo de serem enrolados como o chefe de Estado poderia ser. O ex-prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues, que não hesitou em posar em 2018 com uma camiseta com a imagem do candidato anti-sistema, desistiu hoje de concorrer ao cargo de governador da Paraíba (Nordeste). “A alta rejeição de Bolsonaro no estado foi o fator determinante na [son] retirada “, sublinhou esta semana o diário Folha de São Paulo. Um repúdio que vai muito além dessa região: segundo levantamento recente do instituto Quest, em dois terços dos estados federados a ação do presidente é julgada negativamente por mais da metade dos eleitores.

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