McDonald’s França acusado de não respeitar a lei sobre o dever de vigilância. Os sindicatos denunciaram as falhas sociais e ambientais, principalmente entre seus fornecedores brasileiros.
A rede de fast food McDonald’s França foi “formalizada” para respeitar a lei do dever de vigilância por sindicatos franceses e brasileiros que denunciaram irregularidades sociais e ambientais na quarta-feira, principalmente em seus fornecedores brasileiros. Desde 2017, o Dever de Vigilância obriga as multinacionais na França a garantir uma atividade produtiva respeitadora dos direitos humanos e do meio ambiente, inclusive com seus parceiros no exterior.
Caso a empresa não implemente um plano de vigilância, qualquer pessoa que justifique o interesse em agir poderá notificá-lo. E se a empresa continuar sem cumprir suas obrigações após três meses, o juiz pode ordenar, se necessário, o pagamento de multa até que o faça. “Pedimos que publiquemos no prazo de três meses (…) um plano de vigilância de acordo com as exigências legais”, escrevem os sindicatos franceses CGT, UGT brasileira e CUT, à atenção do responsável da filial francesa da marca, também na qualidade de Diretor Administrativo dos EUA.
O McDonald’s França confirmou em um comunicado de imprensa enviado à AFP que estava “em processo de finalização da certificação de um relatório vigilante” após “dois anos de trabalho”. A empresa especifica que “cumpriu voluntariamente” porque considera “descumprimento” da lei, regulamentando a rede em franquias que limitam a força de trabalho do grupo.
Os três sindicatos acusam o grupo de cometer “ataques aos direitos humanos e liberdades fundamentais, à saúde e segurança das pessoas e ao meio ambiente”, tanto na França quanto em alguns fornecedores brasileiros de café ou suco de laranja. Na França, os signatários observam especificamente a “falha em levar em conta” os muitos fatos de assédio sexual em restaurantes.
O McDonald’s, que tem o compromisso de adquirir café de subcontratados certificados com boas práticas, também é responsável por torcer seu principal fornecedor no Brasil. Assim, uma de suas fazendas perdeu o rótulo valorizado após o uso de agrotóxicos em condições precárias.
E os signatários escreveram que, em 2019, foram emitidas duas multas contra ele por “violar as regras relativas ao tempo máximo de trabalho e descanso mínimo”, enquanto muitos funcionários estiveram na origem de litígios nos últimos anos.
No que diz respeito ao Brasil, o McDonald’s “exige as melhores garantias no combate ao desmatamento, na preservação dos direitos humanos e na proteção do meio ambiente por meio da certificação efetiva de todas as operações domésticas pela Rainforest Alliance e Proterra”, afirma o grupo. Garante que muitas “auditorias sociais” sejam realizadas regularmente em seus fornecedores.
Se “práticas contrárias aos regulamentos aplicáveis ou às nossas especificações forem estabelecidas, o McDonald’s França tomará imediatamente todas as medidas necessárias para abordá-las”, a gigante do fast food continua tranquila.
Atacado por ex-trabalhadores turcos como parte de um dever de vigilância, o grupo francês de cosméticos Yves Rocher, que foi notificado há vários meses, deve comparecer ao tribunal no final de junho.
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