Deputados brasileiros aprovam projeto de lei para facilitar a regularização de terras públicas ocupadas ilegalmente
A Câmara dos Deputados aprovou um polêmico projeto de lei que facilita a regularização de terras públicas ocupadas ilegalmente por agricultores, inclusive na Amazônia.
O texto, aprovado na última terça-feira, 3 de agosto, com 296 votos a favor e 136 contra, ainda deve ser estudado pelo Senado.
Mais desmatamento
Se aprovada, aumentará o número de terras que podem ser regularizadas sem fiscalização prévia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Os ocupantes terão apenas que apresentar uma série de documentos e uma declaração de honra na qual se comprometem a cumprir as leis ambientais.
Para a oposição, a lei vai estimular a expansão das fazendas ilegais na Amazônia, enquanto o desmatamento já aumentou fortemente desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder em 2019.
Argumento refutado pelo deputado Zé Silva, autor deste texto: “Alguns dizem que este projeto de lei defende as ocupações ilegais, mas é usado justamente para combatê-las (regularizando-as). São agricultores que sonham em ter terra própria, mas não podem vender legalmente sua produção ”.
Boicote de produtos agrícolas
Na Amazônia, grande parte das terras públicas vem sendo explorada há décadas, mesmo que seus ocupantes não sejam reconhecidos como proprietários pelo Estado. “Com a aprovação desse projeto de lei, a mensagem que os deputados passam aos brasileiros é que vale a pena invadir terras para desmatar”, lamenta Mariana Mota, da filial brasileira do Greenpeace.
Em maio passado, várias redes varejistas na União Europeia e no Reino Unido ameaçaram boicotar os produtos agrícolas brasileiros se a lei fosse aprovada.
Nos últimos meses, o governo de Jair Bolsonaro e seus aliados no poderoso lobby do agronegócio no Parlamento têm tentado acelerar a aprovação de outros projetos de lei altamente polêmicos.