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Nicolás Maduro e oposição rejeitam apelos do Brasil e da Colômbia para novas eleições

Mais de duas semanas após a última eleição presidencial, a Venezuela ainda está em uma névoa política. Uma névoa tóxica. Nicolás Maduro, no poder há onze anos, e Edmundo Gonzalez Urrutia, um candidato da oposição forçado a se esconder, ambos reivindicam vitória. E rejeitam firmemente os apelos de seus vizinhos por novas eleições. 20 minutos faz um balanço.

Qual foi o resultado da eleição de 28 de julho?

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificou a vitória de Nicolás Maduro com 52% dos votos no início de agosto, sem fornecer a contagem exata ou as atas das seções eleitorais, alegando ter sido vítima de hacking informático. O presidente também recorreu ao Supremo Tribunal, considerado subserviente ao governo, para “validar” sua vitória.

Mas a oposição, por sua vez, tornou públicas as atas obtidas por meio de seus escrutinadores. Segundo esses documentos, Edmundo Gonzalez Urrutia teria vencido a eleição com 67% dos votos. O anúncio da reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato provocou manifestações espontâneas, com um saldo de 25 mortos, 192 feridos e 2.400 prisões, segundo fontes oficiais.

Quais países estão propondo uma nova eleição?

Na quinta-feira, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva levantou a ideia no rádio. Segundo ele, se Nicolás Maduro “tiver bom senso, ele poderia tentar fazer um apelo ao povo da Venezuela, talvez até convocar e agendar” outra eleição. Seu colega colombiano Gustavo Petro pediu em uma mensagem postada no X por uma nova eleição “livre”, sugerindo entre uma lista de propostas, o “levantamento de todas as sanções econômicas” que atingiram a Venezuela.

Durante uma breve troca com a imprensa, Joe Biden foi questionado se ele era a favor de uma nova eleição. “Sou”, ele respondeu, antes que a Casa Branca corrigisse o tiro. Julgando a vitória da oposição como “muito clara”, o presidente “mencionou a posição absurda de Maduro” que “não é honesto” sobre o resultado da eleição presidencial, assegurou um porta-voz.

Qual é a reação das partes envolvidas?

Tanto Nicolás Maduro quanto a oposição rejeitaram firmemente esses apelos por novas eleições, afirmando sua legitimidade resultante da votação de 28 de julho. “Propor não levar em conta o que aconteceu em 28 de julho é para mim uma falta de respeito aos venezuelanos (…), a soberania popular é respeitada”, denunciou a líder da oposição Maria Corina Machado à mídia chilena e argentina.

A eleição “ocorreu e a sociedade venezuelana se expressou em condições muito desfavoráveis. Houve fraude e ainda assim conseguimos vencer”, acrescentou. “É imperativo respeitar a vontade do povo e permitir uma transição para um governo capaz de restaurar a confiança e abrir as portas para o desenvolvimento econômico”, disse Edmundo Gonzalez Urrutia.

Nicolás Maduro, que acusa os dois líderes, que estão escondidos há duas semanas, de quererem dar um golpe de Estado, não se referiu diretamente a uma nova eleição, mas insistiu: “Os conflitos na Venezuela (…) se resolvem entre os venezuelanos, com suas instituições, com sua lei, com sua Constituição”. “Não praticamos diplomacia de microfone. Cada presidente sabe, cada estado, cada país sabe o que deve fazer com seus assuntos internos”, acrescentou, recusando-se a reagir aos comentários dos presidentes brasileiro e colombiano.

Onde está a repressão às manifestações?

Ao mesmo tempo, Nicolás Maduro aprovou na quinta-feira uma lei que regulamenta ONGs e associações, a primeira de uma série que a oposição considera liberticida. Entre os pontos do texto, a obrigação de as ONGs notificarem seu “financiamento” e “doadores, nacionais ou estrangeiros”, ou a proibição de “receber contribuições financeiras destinadas a organizações com fins políticos”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) decidiu que a lei “restringe arbitrariamente o direito de associação e a liberdade de expressão”. Na terça-feira, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou o uso desproporcional da força e o “clima de medo” na Venezuela, onde muitas pessoas são detidas arbitrariamente por “incitação ao ódio ou sob legislação antiterrorismo”.

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