CARTA DE SÃO PAULO
Josyas Silva Mendes lembra bem do seu primeiro corte de cabelo. Era 7 de maio de 1993. O futuro barbeiro tinha apenas 15 anos e não tinha experiência em cabeleireiro. A irmã dela vai se casar no dia seguinte e a mãe, Carmelita, está no forno e no moinho. Nem um nem dois, o adolescente é indicado para encurtar as madeixas do irmãozinho, de 8 anos. Ele vem com um pequeno pente para piolhos e uma tesoura de costura. “Foi assim que tudo começou!” », ri hoje o Sr. Silva Mendes.
Três décadas depois, aos 46 anos, utiliza apenas instrumentos profissionais. Josyas Silva Mendes é hoje um dos barbeiros mais populares de São Paulo. Ele cuida das penugens, bigodes e cavanhaques de personalidades de destaque no Brasil: o rapper Mano Brown, o ex-ativista, deputado e candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos, os cantores Jorge Ben Jor ou Seu Jorge…
Em seu salão, Josyas Barbearia, localizado na zona sul de São Paulo, um pequeno exército de barbeiros treinados pelo mestre realiza um corte em quinze minutos. “Também somos um lugar de resistência! », insiste Sr. Silva Mendes, com dreads e barba prateada. Localizado na confluência de diversas favelas, o salão recebe sambas, debates e uma biblioteca onde os transeuntes podem parar, ler ou trocar um livro.
As paredes são cobertas por um afresco representando uma favela e retratos de figuras afro-americanas, de Martin Luther King (1929-1968) a Malcolm X (1925-1965), mas também de brasileiros como o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, sem dúvida o mais famoso Barbudos (“barbudo”) do Brasil. Josyas Silva Mendes não esconde suas convicções: “Meu sonho é aparar a barba do Lula! Eu faria um pequeno alinhamento e deixaria crescer um pouco mais! »
No Brasil, os pelos faciais não devem ser menosprezados. “No Nordeste, onde minha mãe nasceu, o menino deve pedir permissão ao pai para fazer a primeira barba. A barba tem uma força muito grande. Impõe respeito, autoridade, maturidade », explica SIlva Mendes, cujo pai, metalúrgico, participou das greves operárias de São Paulo ao lado de Lula entre 1978 e 1980.
Os cabelos e a política brasileira são uma longa e intensa história que começa na época do império e do longo reinado de Dom Pedro II (1825-1891). O jovem soberano é um adolescente calvo e inexperiente na época de sua coroação. Nos anos que se seguiram, ele deixou crescer a barba. “A “propaganda” da época irá utilizá-lo extensivamente para dar a imagem de um monarca maduro, culto, paternal, precocemente velho, pronto para liderar a nação apesar da sua tenra idade”explica a historiadora Lilia Schwarcz.
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