O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou a criação de dois novos territórios indígenas na quinta-feira, elevando para 10 o número total de novas reservas criadas durante seu mandato.
O presidente acrescentou que decidiu não aprovar a criação de mais quatro territórios, porque as pessoas que actualmente os ocupam ainda não os abandonaram.
Este reconhecimento confere aos territórios em causa protecção jurídica contra invasões ilegais de madeireiros, garimpeiros e criadores de gado.
Os dois novos territórios protegidos cobrem uma área total de quase 342 quilómetros quadrados. A reserva Cacique Fontoura ficará localizada no estado de Mato Grosso. O território de Aldeia Velha ficará localizado no Estado da Bahia.
O presidente Lula disse que seu ministro da Justiça lhe deu recentemente uma lista de seis territórios indígenas prontos para reconhecimento, mas decidiu adiar a legalização dos outros quatro.
Ainda segundo o presidente, esses outros quatro territórios estão atualmente ocupados por agricultores ou pessoas em situação de vulnerabilidade social. O governo gostaria que eles deixassem a área pacificamente.
Alguns governadores de estado teriam pedido mais tempo ao presidente para resolver a situação. Ao aceitar esta queixa, o Presidente Lula reconhece que pode ter frustrado certos povos indígenas.
Mas tenho que ter cuidado e oferecer outras soluções para essas pessoas
ele declarou.
O antecessor do Presidente Lula, Jair Bolsonaro, incentivou o desenvolvimento, tanto legal como ilegal, na Amazónia, e manteve a sua promessa de não atribuir um único centímetro de terra adicional aos povos indígenas.
Ao assumir a presidência do Brasil em 2023, Lula se comprometeu a mudar esta situação. No ano passado, demarcou seis territórios em abril e mais dois em setembro. Os defensores dos direitos indígenas, no entanto, esperavam que ele agisse mais rapidamente.
O líder indígena Dinamam Tuxa disse aos repórteres que estava parcialmente feliz
.
Cada novo território indígena é uma vitória
disse o senhor Tuxa.
Dinamam Tuxa, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) (foto de arquivo)
Foto: Outros bancos de imagens / Paloma Martinez-Mendez
No ano passado, o Supremo Tribunal do Brasil decidiu reconhecer os direitos fundiários indígenas num caso movido por agricultores que procuravam impedir os povos indígenas de expandirem as suas reivindicações territoriais.
A Corte rejeitou uma teoria jurídica de que a data de promulgação da Constituição brasileira – 5 de outubro de 1988 – deveria ser o prazo até o qual os povos indígenas já deveriam ter ocupado fisicamente as terras ou lutado legalmente para reocupa-las.
Vários membros do Congresso Brasileiro ainda estão pressionando para reviver esta teoria e incorporá-la na legislação.
Grupos de direitos indígenas argumentaram que o conceito de prazo era injusto e não levava em conta as expulsões forçadas e o deslocamento de populações indígenas, especialmente durante as duas décadas de ditadura militar no Brasil.
Com informações da Associated Press e Reuters
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