“As redes sociais não são terras sem lei! » martelou, em letras maiúsculas, Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil, em sua decisão judicial. O magistrado ordenou neste domingo a abertura de uma investigação contra Elon Musk, chefe do X (antigo Twitter).
Na sentença consultada pela AFP, o juiz evoca uma suposta “exploração criminosa de X” por parte do bilionário. Também proíbe “a rede social) por perfil reativado. Nos últimos anos, o próprio Alexandre de Moraes ordenou o bloqueio de contas no X, algumas delas suspeitas de espalhar desinformação.
Na noite de sábado, Elon Musk atacou várias vezes este magistrado, indicando em particular que iria contestar as suas decisões judiciais “levantando todas as restrições”, sem dar mais detalhes. “Provavelmente perderemos toda a nossa receita no Brasil e teremos que fechar nossos escritórios lá. Mas os princípios são mais importantes que o lucro. »
No domingo, ele voltou à acusação, dizendo que o juiz Alexandre de Moraes deveria “renunciar ou ser destituído” por ter “traído descaradamente e repetidamente a Constituição e o povo do Brasil”.
Figura divisiva, tirânico para alguns e fervoroso defensor da democracia para outros, Alexandre de Moraes é um dos onze membros do Supremo Tribunal Federal. Também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Liderando a luta contra a desinformação no Brasil, ordenou o bloqueio de contas de figuras influentes nas redes sociais, a maioria delas simpatizantes do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022).
Este último foi declarado inelegível em junho de 2023 pelo TSE presidido por Alexandre de Moraes, por ter divulgado informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Ele também é alvo de uma investigação por “tentativa de golpe de Estado” após sua derrota eleitoral contra o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022.
Pouco depois dos primeiros ataques do chefe da Tesla contra o juiz no sábado, Jorge Messias, procurador-geral da União, responsável pela defesa dos interesses do governo Lula, apelou a X para “regular urgentemente as redes sociais”. “Não podemos viver numa sociedade onde bilionários que vivem no estrangeiro controlam as redes sociais e estão dispostos a violar o Estado de direito, desobedecendo ordens judiciais e ameaçando as nossas autoridades. »
Muitos apoiadores de Jair Bolsonaro saudaram a atitude do bilionário. “Espero que algo histórico tenha começado: o retorno da liberdade ao nosso país”, escreveu o deputado Nikolas Ferreira no X.
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