A decisão desta semana no Brasil é duplamente simbólica. Representa, após anos de desmatamento desenfreado, o desejo de proteger o pulmão verde que a floresta amazônica representa e, ao mesmo tempo, um reconhecimento do papel dos povos indígenas na história do país. O Supremo Tribunal, que inclui nove juízes entre 11, decidiu na quinta-feira, após mais de dois anos de debate, condenar os grandes proprietários de terras agrícolas.
Este último defendeu A “Segurança jurídica” Proteja essas terras através de uma tese “prazo”que se refere à Constituição de 1988: esta última de fato a reconhece “Ancestral”, Portanto, as terras ocupadas pelos indígenas naquela época não poderiam ser tocadas. O texto lhes garante a verdade.”Direitos indígenas às terras que tradicionalmente ocupam, que devem ser definidas e protegidas pelo Estado.”.
Discussão sobre “período de tempo”
No entanto, os povos indígenas simplesmente recusaram “prazo”, para exigir que as medidas de proteção sejam ampliadas, para que se apliquem a uma área maior do território ocupado por seus habitantes em 1988: de fato, ao longo da história brasileira, os povos indígenas foram expulsos de uma parte muito maior do território ocupado, em particular durante o período da ditadura militar (1964-1985), que os levou a instalarem-se noutros locais. Para eles, não há como parar de levar em conta apenas os territórios que foram recentemente ocupados em 1988.
O mundo depois
São diversas áreas envolvidas: as do território de Ibirama-Laclano, mas também centenas de outras, sem contar as reservas criadas pelo presidente Lula em abril passado. Segundo o Instituto Socioambiental, não governamental, quase um terço das mais de 700 reservas indígenas já demarcadas no Brasil (principalmente na Amazônia) ainda não foram oficialmente reconhecidas.
Desdém político
Quando a decisão foi anunciada, a emoção aumentou entre os ativistas indígenas, com gritos de alegria e passos de dança. Centenas deles, com os corpos pintados e as cabeças cobertas de penas, reuniram-se sob uma grande tenda em frente ao Supremo Tribunal para acompanhar as discussões num telão gigante.
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Por outro lado, isto representa um sério desdém pelos grandes agricultores. Este último, que considerava que a proteção de cerca de 13% do território brasileiro era desproporcional a menos de 1% da população, teve que ouvir as palavras da juíza Cármen Lúcia, que destacou “Dívidas impagáveis da comunidade indígena brasileira“.
A decisão do Supremo parece então ser um sinal verde dirigido ao presidente Lula, enquanto a aprovação de centenas de reservas no país está paralisada há cinco anos e a eleição do seu antecessor, Jair Bolsonaro. Como este último também nomeou os dois únicos juízes do tribunal que se pronunciaram a favor da manutenção deste “marco temporal”, também vira a página de uma política ambiental sob a qual a desflorestação registou níveis que nunca atingiu.