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“No Brasil, o barulho constante era difícil, mas já vimos pior!”

No dia 15 de agosto de 2016, o Maracanãzinho estava lotado, com 15 mil pessoas e um nível de barulho insuportável, para um suspense insuportável: nessa partida final da fase de grupos, Brasil e França brigavam pela última vaga classificatória para as quartas de final. “Já tínhamos jogado no Brasil, conhecíamos essa torcida. Mas sabíamos que…

No dia 15 de agosto de 2016, o Maracanãzinho estava lotado, com 15 mil pessoas e um nível de barulho insuportável, para um suspense insuportável: nessa partida final do grupo, Brasil e França brigavam pela última vaga classificatória para as quartas de final. “Já tínhamos jogado no Brasil, conhecíamos essa torcida. Mas sabíamos que com o que estava em jogo, ela seria multiplicada por 1000”, lembra o girondino Pierre Pujol, um dos passadores dos Les Bleus.


Pierre Pujol, hoje gerente da equipe dos Dragões de Cannes.

Sylvain Delaissez

No salão ao lado do lendário Maracanã, “essa partida foi além do esporte, esperávamos algo novo. Na verdade, não foi. Já havíamos vivenciado isso: o barulho alto, permanente, sem a menor pausa, desde uma hora antes da partida, com a torcida durante o jogo, a música nos intervalos. Isso é que é difícil, quando não para.”

“Já vimos coisas piores”

“Mas já conhecemos coisas piores”, diz o agora gerente de Cannes. “Na Sérvia, e especialmente na Bulgária: intimidação física, punhos erguidos sob nossos narizes, nossos jogadores de cor como alvos. Se fosse hoje, a partida não teria ido até o fim. Na Argentina também foi pior do que no Brasil: os espectadores jogaram moedas, cuspiram em nós.”

A experiência ajudou os brasileiros a lidar com essa pressão, diferentemente dos jogadores de futebol em 2014.”

No Rio foi mais frio, porque “o brasileiro é um torcedor festivo, ele apoia, toma partido, mas sem agressividade. O clima, no entanto, não fez o resultado, foi jogado de forma justa. Nunca mais vi a partida, como nenhum dos jogadores, eu acho, (perdeu 3 sets a 1, 25-22, 22-25, 25-20, 25-23). ​​Em um momento há um desafio de vídeo em que a bola morde a linha, e se a decisão for diferente, podemos imaginar o que acontece atrás, mas ei, como em outras partidas.”

Dentro da cabeça do Brasil

E o que se passava na cabeça dos brasileiros? “Falei sobre isso novamente com os jogadores brasileiros, o Eder, com quem joguei na Alemanha, e o Bruno. O Eder me disse que desde o dia em que o Rio teve os Jogos, ele pensava nisso todos os dias. Ele sabia que seria o evento da vida dele, que toda a família estaria nas arquibancadas. É um pouco como para os franceses.”

“O que os ajudou a suportar essa pressão, diferentemente dos jogadores de futebol de 2014, foi a experiência”, enfatiza Pierre Pujol. “Todos esses caras tinham dez anos de experiência com a seleção brasileira, eles vinham ganhando medalhas há anos.”

“O que Bruno e Eder me disseram é que depois dessa partida contra nós, a parte mais difícil já tinha passado: ‘Sabíamos que nada poderia nos acontecer, seria nossa festa, nossos Jogos, a atmosfera só poderia ser positiva.’ O público francês levará isso para Paris. É um público chauvinista, pode ser quente, mas não agressivo, continua bem-humorado e festivo.”

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