Mais de um século depois de seu ilustre ancião Santos-Dumont, um dos pais da aviação, os jovens brasileiros por sua vez partem para conquistar os céus… com aviões de papel.
Oito estudantes, aspirantes a engenheiros, veterinários ou nutricionistas, participaram segunda-feira à noite no Rio da qualificação nacional para a Copa do Mundo que acontecerá em maio em Salzburg, na Áustria, com competidores de 62 países.
Apenas dois sortudos vão representar o Brasil, detentor de dois títulos mundiais, em 2006 e 2009.
Lançaram seus aviões de papel dentro do vasto e futurista Museu do Amanha, que já dedicou várias exposições a Alberto Santos-Dumont (1873-1932).
O genial inventor brasileiro fez história em 12 de novembro de 1906, com o primeiro voo certificado do mundo, percorrendo 220 metros em 21 segundos, a bordo do lendário “XIV bis”, biplano com armação de bambu, próximo a Paris.
Seus herdeiros enfrentam um desafio semelhante: pairar seus aviõezinhos de papel o mais longe possível.
Os oito competidores brasileiros, de qualificações regionais que reuniram nada menos que 2.500 participantes, devem encontrar a aerodinâmica ideal dobrando uma folha de papel A4.
– Bônus por “desenvolvimento” –
“Para a competição ‘Distance’, os aviões parecem foguetes, enquanto para a disciplina ‘Time of Flight’, eles têm asas longas, como planadores”, explica José Silva, 24 anos, estudante de informática de Goiânia (centro-oeste). .
Na categoria “Tempo de voo”, aquela em que o Brasil é bicampeão mundial, ele terminou em último, seu avião permanecendo em voo apenas 2 segundos e 11 centésimos.
O vencedor, Pedro Cruz (7:11), ficou longe do recorde mundial do japonês Takuo Toda (27:9).
“Estou em êxtase, acho difícil perceber”, disse Cruz à AFP.
Isaac Queiroz Leite, 19 anos, classificou-se para o Mundial na categoria “Distância”, com um voo de 40,3 metros. O recorde, do americano Joe Ayob, é um arremesso de 69,1 metros.
“Demos tudo hoje, mas vamos ter um desempenho ainda melhor na Áustria se tudo correr bem”, disse.
Para se classificar, ele venceu Richard Amorin, 23, que tinha um trunfo de mestre: ele pratica lançamento de dardo.
“A mecânica do arremesso é parecida, o avião não deve subir muito alto e descrever uma parábola”, explica esse estudante de educação física pernambucano (nordeste).
Ele aprendeu a medir seus arremessos para evitar que seus aviões se prendessem nos galhos das árvores ou colidissem com os telhados das casas.
“Os brasileiros sempre conseguem sobreviver”, conclui.
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