As eleições presidenciais brasileiras de 2022 retornarão à vida democrática normal? Ou confirmará a influência das forças armadas no destino do país? A questão pode ser colocada à luz dos adversários de cor cáqui dos últimos anos e da recente intervenção militar no campo eleitoral. “Aconselho”, escreveu Camilo Agio, acadêmico mineiro, “a acompanhar mais do que as eleições, o crescente alvoroço do golpe de Estado declarado. [1]“.
Eleições presidenciais devem ser realizadas no dia 1ºVersículo Outubro 2022 reconectando com a normalidade democrática. De fato, o país perdeu o rumo em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo parlamento que surgiu de um prego constitucional. Seu antecessor, Luis Inácio Lula da Silva, indicado em 2018, foi preso algumas semanas antes da data marcada para o aconselhamento. Ele foi solto no ano seguinte, após a “vitória” sem riscos do ex-capitão, Jair Bolsonaro.
As forças armadas, a grande mídia, parte do sistema de justiça e as “elites” econômicas e financeiras impuseram uma narrativa que legitima essas divisões institucionais. Rachaduras baseadas na defesa de interesses muito realistas. Em 2011, Dilma Rousseff incentivou a criação de um Comitê Nacional de Memória e Verdade Histórica, responsável por destacar crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). Suas descobertas, apresentadas em 2014, não levaram a nenhuma ação legal. A Lei de Anistia de 1979 e as disposições transitórias da Constituição de 1988 não permitiram isso. Mas os exércitos lidaram mal com essa modernização moral. Juntaram-se à sua insatisfação com as elites sociais, preocupados com as consequências fiscais que o governo poderia implementar para limitar ao mínimo as consequências da crise.
Em 2018, as Forças Armadas pressionaram fortemente o Judiciário para manter o ex-presidente Lula na prisão. Em 3 de abril de 2018, o general Eduardo Villa Boa, comandante em chefe do Exército, ameaçou o Supremo Tribunal Federal, caso este decidisse pela libertação de Lula. Um oficial subalterno, Jair Bolsonaro, foi eleito chefe de Estado nesse contexto. Auxiliado pelo major-general Hamilton Muraw como vice-presidente e por vários oficiais superiores do governo e da alta administração.
A administração do poder de agência civil conferida ao estabelecimento armado não é nova no Brasil. A república foi imposta pelo exército em 1889. Os generais em XXE O século faz e desmonta governos civis. Antes de assumir o controle do país, sem participação, de 1964 a 1985. O retorno da democracia foi negociado. Os orçamentos dos exércitos foram mantidos. As forças armadas não foram expurgadas. Os autores dos crimes não foram processados. Tanto que Lula, em sua primeira campanha vitoriosa, em 13 de setembro de 2002, achou útil, ou sensato, reunir-se com 400 oficiais-generais e lhes ofereceu uma “aliança tácita”.[2].
O golpe parlamentar de 2016 foi “transformado” pelos militares em 2018. Eles recuperaram a influência que havia sido contestada pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. A consulta de 2022 pode, se acreditarmos nas pesquisas, colocar o verdadeiro democrata, Luiz Inácio Lula da Silva, de volta à sela presidencial. Essa perspectiva não é evidente para os oficiais, sejam eles presidente ou vice-presidente, diretores de órgãos, ministérios civis ou chefes de agências, e de fora dos exércitos policiais.
O presidente, ex-capitão, Jair Bolsonaro, dobrou os anúncios desde julho de 2021, deixando algumas dúvidas sobre a realização da assessoria. Em várias ocasiões, contestou a transparência do processo que já existe há vários anos, e do qual “beneficiou” em 2018, da votação eletrónica. Em julho de 2021, o secretário-geral da Defesa, Walter Souza Braga Neto, teria sido confirmado. Oh Estado de São Paulo, aos presidentes do Congresso e do Senado, que as eleições de 2022 não podem ocorrer na data prevista se a cédula em papel não for devolvida. Essas críticas levaram o Tribunal Supremo Eleitoral a propor a participação das Forças Armadas nas operações de observação eleitoral. O general Heber Garcia Portela passou a representar as Forças Armadas na Comissão de Transparência do Tribunal Superior Eleitoral. Forneceu 88 indicadores de fragilidade eleitoral, de outubro de 2021 ao final de abril de 2022.
O acúmulo de focos antieleitorais desde 2019 é uma preocupação crescente para os atores da democracia brasileira. Longe de serem isolados, esses sinais são frequentes. O capitão e o ex-presidente do Brasil, ao tomar posse em 2019, comemoraram e justificaram o golpe militar de 31 de março de 1964. “Democracia e liberdade não podem existir sem o consentimento das Forças Armadas”, ele já havia declarado em 7 de março de 2019 no Rio de Janeiro como parte das 211 comemoraçõesE Aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais. Desde então, a condenação foi repetida regularmente. Em 19 de abril de 2022, Dia das Forças Armadas, Jair Bolsonaro reiterou que os fiadores militares do país “existem e sabem o que devem fazer. Eles sabem o que é bom para o povo e para o país. Estão ativamente envolvidos na garantia das leis e da ordem. .”
O juiz do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, deu o alarme em 24 de abril de 2022. “As Forças Armadas caminham para o protesto e a deslegitimação do processo eleitoral”, disse em uma universidade alemã. O contra-fogo militar foi instantâneo. O general Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que publique o “conselho” dado pelas Forças Armadas à justiça eleitoral. Jair Bolsonaro renovou suas críticas às eleições de 27 de abril, acrescentando: “Não sou o único que disse isso. […] O Senado e a Câmara serão apreendidos”. Voltou ao cargo no dia 5 de maio, assumindo a tarefa do Supremo Tribunal Constitucional que “esconderia da população as propostas das Forças Armadas. […] Para reduzir a possibilidade de fraude. No mesmo dia, ele aumentou a confusão ao anunciar que seu partido, o Partido Liberal (PL), solicitaria uma auditoria de uma empresa privada sobre transparência eleitoral e riscos de fraude.
Esse clima de convulsão democrática a menos de cinco meses da eleição presidencial é o mais danoso, pois a grande imprensa e algumas redes sociais mantêm dúvidas sobre a inocência que Lula restaurou, acusando o Supremo Tribunal Federal e o Comitê de Direitos Humanos da ONU de não proliferação. notícias falsas.
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[1] na semana Carta Capital8 de maio de 2022
[2] na semana Clarin15 de setembro de 2002.
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