por Ricardo Britto
BRASÍLIA (Reuters) – A agência reguladora de saúde do Brasil (Anfisa) descartou na segunda-feira a importação da quinta vacina COVID-19 da Rússia, a Sputnik, ao convocar governadores de todo o país em face de outra onda devastadora da pandemia do coronavírus.
O painel de cinco membros da Anvisa votou unanimemente contra a aprovação do Sputnik V depois que o comitê técnico do regulador destacou os “riscos” e “desvantagens” da vacina russa, citando a falta de informações sobre sua segurança, qualidade e eficácia.
Um dos principais riscos destacados pelas autoridades regulatórias brasileiras é que outros vírus usados na fabricação da vacina podem se replicar nos pacientes.
O pesquisador russo Denis Logunov, um dos principais desenvolvedores da vacina, rejeitou essas críticas, negando que os vetores virais – ou adenovírus – usados no caso do Sputnik V possam se reproduzir.
“A vacina é segura (…) e não contém adenovírus com probabilidade de se multiplicar”, disse ele a repórteres.
De acordo com cientistas russos, a vacina Sputnik V, aprovada em vários países ao redor do mundo, é 97,6% eficaz contra COVID-19, com base em dados coletados de 3,8 milhões de pessoas.
A União Europeia ainda não anunciou a vacina russa. A Agência Europeia de Medicamentos deve revisar o Sputnik V em maio.
A campanha de vacinação do Brasil tem sido prejudicada por atrasos e falhas na obtenção das doses, tornando o país sul-americano um dos mais afetados pela crise de saúde e levando seu sistema de saúde à beira do colapso.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 27,3 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina, ou 13% da população brasileira.
Desde o início da epidemia, no ano passado, foram registradas mais de 14,4 milhões de infecções e quase 400 mil mortes no país, a maioria nos últimos meses.
(Pedro Fonseca no Rio de Janeiro, Ricardo Brito e Jimmy McGyver em Brasília; versão francesa de Jean Terzian)