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O presidente Lula passou por uma cirurgia no quadril, uma ruptura forçada após um início intenso de mandato

O presidente brasileiro Lula será submetido a uma cirurgia no quadril nesta sexta-feira, 29 de setembro, para aliviar as dores que o causam há mais de um ano, uma pausa forçada em uma movimentada agenda internacional desde seu retorno ao poder. Luiz Inácio Lula da Silva tentou adiar ao máximo esta intervenção cirúrgica para evitar o menor sinal de fraqueza, ele que completará 78 anos no próximo mês.

Sou como um jogador de futebol que não quer contar ao treinador que está com dores para não ser colocado no banco“, brincou ele em julho, ao anunciar sua decisão de fazer uma cirurgia. Ele então admitiu que a dor estava ficando insuportável e o colocou “de mau humor“.

Diplomacia hiperativa

Na segunda-feira, Lula revelou que essas dores estavam voltando”em agosto do ano passado», quando fazia campanha contra o seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro, a quem derrotou na segunda volta das eleições presidenciais no final de outubro.

Desde o seu regresso aos negócios para um terceiro mandato em janeiro, o presidente de esquerda aumentou as suas viagens. Nas últimas semanas, viajou à África do Sul para a cimeira dos Brics, à Índia para a cimeira do G20 e depois a Nova Iorque para a Assembleia Geral das Nações Unidas. Uma diplomacia hiperativa com o objetivo de mostrar que o Brasil “está de volta», após o isolacionismo dos anos Bolsonaro (2019-2022).

“Muito otimista”

O ex-líder sindical Lula, que perdeu o dedo mínimo da mão esquerda quando trabalhava na fábrica como torneiro-fresador, sofre de osteoartrite, uma deterioração da cartilagem da articulação do quadril direito. Na sexta-feira, ele será submetido a uma artroplastia total de quadril no hospital Sírio-Libanês de Brasília, disse uma fonte presidencial à AFP.

Esta operação, que deve durar algumas horas, sob anestesia geral, consiste na instalação de uma prótese híbrida, sendo uma parte fixada com cimento ósseo e a outra colocada diretamente no osso.

Lula disse terça-feira durante seu programa semanal que sempre teve “medo de anestesia“, mas ele se mostrou”Muito otimista» na preparação para o procedimento cirúrgico.

andador

A alta hospitalar está prevista para cerca da próxima terça-feira e o Chefe de Estado deverá então descansar em sua residência oficial, no Palácio da Alvorada. A previsão é que ele deixe Brasília por pelo menos quatro semanas. Lula garantiu que isso não o impediria de “trabalhar normalmente» durante sua convalescença.

Segundo o médico ortopedista Luiz Felipe Carvalho, o presidente brasileiro deveria ser capaz de “retomar gradualmente» atividades que exigem mais movimento após as primeiras semanas. Mas ele terá que continuar acompanhando as sessões de fisioterapia depois”.estar totalmente recuperado“, explica à AFP.

Lula, que se apresenta como um defensor do meio ambiente e da Amazônia, deverá se recuperar a tempo de ir à Conferência Climática COP-28 da ONU, em Dubai, no final de novembro. Enquanto isso, ele terá que caminhar com a ajuda de um andador. Mas longe das lentes e câmeras, seguindo o conselho de seu fotógrafo oficial. “Você não vai me ver de andador ou de muletas, você sempre vai me ver linda, como se eu não tivesse feito uma cirurgia“, ele disse.

Câncer de laringe

Todos esses cuidados nos lembram que a saúde do presidente está longe de ser um assunto trivial. Em março, Lula foi forçado a adiar por algumas semanas uma viagem oficial à China devido a uma pneumonia.

Sua saúde tem sido motivo de preocupação há vários anos. Em 2011, sofreu de câncer de laringe e se recuperou no ano seguinte, após passar por sessões de radioterapia e quimioterapia que o privaram temporariamente da barba eterna.

E o peso dos anos se faz sentir hoje. “Ele mostra que tem energia, mas não a mesma dos seus dois primeiros mandatos (2003-2010), é inevitável“, disse à AFP o analista político André César, da consultoria Hold.

Mas a oposição ainda não fez da saúde de Lula um ângulo de ataque. Jair Bolsonaro, de 68 anos, foi operado diversas vezes durante e após o seu mandato, nomeadamente devido às consequências de um ataque com faca durante a campanha presidencial de 2018.


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