Os presidentes de 11 países latino-americanos, incluindo as principais economias da região – Brasil, México, Argentina, Chile e Colômbia – anunciaram na quarta-feira uma “aliança” anti-inflacionária para facilitar o comércio entre países numa região onde a integração económica continua fraca.
O governo mexicano anunciou o acordo após uma reunião virtual de chefes de Estado, a grande maioria dos quais são de esquerda. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, convidou seus colegas para uma reunião em Cancún, nos dias 6 e 7 de maio.
A aliança visa facilitar o comércio de alimentos, produtos básicos e bens intermédios, eliminando “obstáculos, direitos aduaneiros e medidas sanitárias”.
A prioridade é reduzir “o custo destes produtos para as populações mais pobres e vulneráveis”, como lemos na declaração da “Aliança dos Países Latino-Americanos e Caribenhos contra a Inflação”.
A inflação em 2022 atingiu 5,79% no Brasil e 7,82% no México, as duas maiores economias da América Latina. Atingiu 94,8% na Argentina, um recorde em 30 anos.
Esta nova “aliança” também inclui Belize, Bolívia, Cuba, Honduras, Venezuela e São Vicente e Granadinas.
Os chefes de Estado referiram-se a “medidas logísticas, financeiras e outras” para que produtos básicos e bens intermédios possam ser trocados “em melhores condições”.
Os signatários formarão um “grupo de trabalho técnico” que definirá medidas de cooperação, especialmente no que diz respeito à questão dos “fertilizantes químicos e orgânicos”.
Este grupo será capaz de desenvolver um plano de acção para implementar medidas anti-inflação “dentro de um período de tempo razoável”.
No que diz respeito à logística, o grupo fará recomendações para facilitar o trânsito de produtos através de portos e fronteiras e trocar tecnologias para aumentar a produtividade agrícola.
Os primeiros onze signatários, membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, convidaram outros países da região a juntarem-se a eles.
No entanto, os signatários declaram estar “conscientes” dos acordos comerciais que cada país assinou ou do seu compromisso com outros mecanismos de cooperação e integração económica.
Brasil e Argentina são membros do Mercosul, juntamente com Uruguai e Paraguai. O México é um dos países signatários do acordo de livre comércio que o liga aos Estados Unidos e ao Canadá.
“A integração económica na América Latina é muito fraca”, lembra Cesar Salazar, do Instituto de Investigações Económicas da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM).
Mesmo dentro do Mercosul, acrescenta, “o Brasil, que é o grande impulsionador da América do Sul, tem muito mais laços comerciais com a China do que com a região”. “E México, não falemos disso: 50% das importações vêm dos Estados Unidos e 85% das exportações vão para os Estados Unidos.”
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