Foram registrados 2.940 incêndios durante o mês na Amazônia brasileira, ou 67% a mais que em fevereiro de 2007, recorde anterior.
Quase 3.000 incêndios florestais foram registados em fevereiro na Amazónia brasileira, um recorde para este mês do ano desde que os registos começaram em 1999, anunciaram esta quarta-feira, 28 de fevereiro, as autoridades.
Segundo imagens de satélite do Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados 2.940 incêndios no mês, 67% a mais que os 1.761 incêndios registrados em fevereiro de 2007, recorde anterior. O valor de fevereiro de 2024 é quatro vezes superior ao registado no mesmo mês do ano passado.
A maior floresta tropical do planeta é um dos ecossistemas mais importantes do mundo para a estabilização do clima global ameaçado pelo aquecimento.
“O fator climático certamente desempenha um papel fundamental” neste surto de incêndios, que se concentra no norte da região, disse Ane Alencar, diretora científica da ONG Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM Amazônia).
“Vimos a Terra quebrar recorde após recorde de temperatura. Todo ano é o ano mais quente e está em sinergia com os fenômenos climáticos”, acrescentou.
Uma seca histórica atingiu a Amazónia entre junho e novembro de 2023, afetando milhões de pessoas em toda a bacia amazónica, alimentando incêndios florestais massivos, encolhendo importantes cursos de água e causando estragos catastróficos na vida selvagem.
Este “stress” ambiental, disse Ane Alencar, “produz todas as condições necessárias para que cada incêndio se transforme num grande incêndio”.
No entanto, “os incêndios foram provavelmente provocados por pessoas durante o seu trabalho agrícola”, estima este gestor cuja estrutura integra a rede do Observatório do Clima.
Alguns especialistas sugeriram que o fenômeno climático natural El Niño foi o responsável pela seca do ano passado na Amazônia.
Mas um estudo realizado por cientistas da World Weather Attribution (WWA), publicado em janeiro, concluiu que as alterações climáticas causadas pela poluição de carbono emitida pelo planeta eram as principais culpadas.
Retornando ao poder em janeiro de 2023, o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu se orgulhar de uma queda drástica no desmatamento em um ano.
O seu governo põe em causa a prática generalizada de incêndios entre os intervenientes do agronegócio, para preparar a terra para culturas ou pecuária. “Não há incêndio natural na Amazônia”, disse a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, em outubro.
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