Três heróis, Luziane, Cristiano e Bianca – que não se conhecem – estão todos ligados de uma forma ou de outra a Madalena, uma mulher mutante encontrada morta, em algum lugar do oeste do Brasil.
Crítico de filmes
Um imenso campo de soja, natureza até onde os olhos podem ver, no silêncio da catedral, e avestruzes fazendo seus negócios apenas como heróis. É neste nível sublime, como a psique ou meditação, que começa Madalena a partir de Madiano Marchetti. Esses poucos minutos dedicados à natureza, longe de quererem ser apenas um cartão postal, oferecem o denominador comum a todos os protagonistas do filme.
Os eventos acontecem em uma região distante do centro do Brasil, no oeste distante do movimentado litoral dos grandes centros, onde as questões econômicas giram em torno da agricultura e as safras gigantescas se voltaram para as exportações, estabelecendo novas fortunas, como é o caso em alguns sinais de testemunhos. de riqueza aparecem na tela – carros, aviões Drone, controlados pela mesma família. Ao lado dela, encontramos dois fatos completamente diferentes, o fato de uma jovem que trabalha na vida noturna da cidade mais próxima, e um grupo de amigos, Quir, e alguma transgênero, fazer malabarismos com questões completamente diferentes.
Cada história parece comunicar-se apenas por essas longas estradas vicinais que o autor nos apresenta, que exigem o uso de compostos que atestem o nível social de cada uma delas. Cristiano é o herdeiro deste império terrestre que dá vertigens quando se levanta a câmara e dá-nos o enorme espaço verde que cobre toda a imagem. A imagem paradisíaca desse homem administrando seu legado e a colheita que está por vir explode quando vemos o assunto surgir. Cometeu um erro que questionaria tudo, seja ele, mas também os planos de ascensão social de sua família, voltados para as alturas da política.
A febre desta personagem contrasta com a beleza da última parte em que aparece um grupo de mulheres, que saem do volante de um carro cansado para passar um dia de alegria à beira do rio. A simplicidade de sua felicidade e a sinceridade de sua troca é quase dolorosa quando olhamos para a trama: todos eles estão unidos pela morte de uma mulher transexual, próxima a eles, seja por acontecimentos ou sentimentos.
Tolerâncias
Madiano Marchetti Ele não cede à facilitação, nunca os confronta ou ilumina seu ponto de vista, deixando o espectador sozinho para colocar partes do filme em paralelo e pintar as consequências. Algumas perderam um amigo próximo, outras cometeram o irreparável e ela vê sua vida arruinada, assim como a de sua família. Os detalhes são desconhecidos, apenas os fatos pesados e implacáveis. É a morte, novamente, que aflige prematuramente um membro de uma sociedade que tem uma taxa de mortalidade extremamente alta nesta parte do mundo.
O diretor também explica as diferenças na trama da sociedade brasileira, principalmente na virilidade e no atual teto de vidro das mulheres de seu país. A primeira foto mostra uma mulher trabalhando em um clube, vindo de uma origem muito humilde, e fazendo o que alguns chamam de trabalho de homem. O equilíbrio que o autor consegue entre essas diferentes histórias é particularmente bem-sucedido e raramente engenhoso.
Se estiver lidando com itens extremamente sensíveis, Madalena Ela faz parte desses grandes filmes brasileiros dos últimos anos, como Aquário a partir de Clipper Mendonça Filho ou A vida invisível de Eurydice Gusmão, Que questionam seu tempo lançando uma forte visão política de sua comunidade. É especialmente notável ver um filme brasileiro dessa envergadura aparecer em 2021 em um país onde a criatividade artística está sendo prejudicada porque não foi assim desde a ditadura militar que reduziu a produção cinematográfica a nada até os anos 1980.
Esperamos que esta bela mensagem de esperança, simbolizada por um grupo de amigos nadando livremente em um rio, encontre muitas extensões nos cinemas no futuro.
2021 – a partir de Madiano Marchetti, Com Raphael de BonaAntonio Salvador e Nadia Metidiero.