(Estocolmo) – Pela primeira vez, os cientistas conseguiram recuperar o RNA de uma espécie extinta, o tigre da Tasmânia, disseram pesquisadores da Universidade de Estocolmo à AFP nesta terça-feira.
“Nunca antes o RNA de uma espécie extinta foi extraído e sequenciado”, disse à AFP Löw Dahlin, professor de genética evolutiva que co-liderou o projeto.
“A capacidade de recuperar RNA de espécies extintas é um primeiro passo em direção à possibilidade de eventualmente reviver espécies extintas”, acrescentou.
Dallin e sua equipe sequenciaram com sucesso o RNA de um espécime de tigre da Tasmânia de 130 anos, mantido pelo Museu Nacional de História Natural de Estocolmo.
Assim, eles foram capazes de reconstruir o RNA dos músculos e da pele do animal.
O RNA é uma molécula que permite que o código genético seja expresso em cada célula e, assim, lhe dá instruções para funcionar.
As sequências recuperadas “eram de tão alta qualidade que foi possível identificar o RNA que codifica proteínas específicas do músculo e da pele”, afirmaram os pesquisadores em comunicado à imprensa.
“Se quisermos reviver um animal extinto, precisamos saber onde estão os genes, o que fazem e em quais tecidos são regulados”, explica Dalin.
O último tigre da Tasmânia, um marsupial carnívoro, morreu em cativeiro em 1936 na Tasmânia (sul da Austrália).
Após a colonização europeia da Austrália, o animal foi declarado uma praga e uma recompensa foi oferecida para cada animal morto.
As descobertas dos pesquisadores terão implicações para o estudo dos vírus de RNA.
“Muitas epidemias são causadas por vírus RNA, como o coronavírus recentemente ou a gripe espanhola anteriormente”, disse Dallin.
“Podemos procurar estes vírus em restos de animais selvagens preservados em espécimes secos no museu. Isto pode ajudar-nos a compreender a natureza e a origem das epidemias”, acrescenta.
Para Daniela Kalthoff, curadora da coleção de mamíferos do Museu de História Natural, isso abre caminho para novas pesquisas sobre a “idéia emocionante” de reviver o tigre da Tasmânia.
Os pesquisadores também imaginam a possibilidade de expandir a recuperação do RNA para outras coleções de outros museus ao redor do mundo.
“Existem milhões e milhões de peles e tecidos secos de insetos, mamíferos e aves em coleções de museus de todo o mundo, e podemos recuperar o RNA de todas essas amostras”, diz Dallin.