“Sem confronto” com o Supremo Tribunal
A decisão tomada pelos senadores, embora o mais alto tribunal do país tenha considerado o projecto de lei inconstitucional, visa realçar o conflito entre o poder legislativo e o Supremo Tribunal, que é regularmente criticado pelos seus críticos pela sua alegada interferência em questões “legislativas”.
Na semana passada, durante o “julgamento do século” — como o chamam os defensores indígenas — que está em andamento desde agosto de 2021, nove dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitaram uma tese de “marco temporal” que teria colocado em dúvida a demarcação de territórios indígenas. reservas.
“Não há confronto” com o Supremo Tribunal. “Esta é simplesmente a posição do Senado, porque acreditamos que questões deste tipo devem ser discutidas pelo Parlamento”, disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na quarta-feira.
O Senado também decidiu que os proprietários de terras que adquirissem “de boa fé” terras tradicionalmente pertencentes a povos indígenas tinham direito a uma compensação do Estado.
Uma decisão que tem graves consequências para o meio ambiente
O facto de o Supremo Tribunal ter declarado na quinta-feira a tese do “marco temporal” inconstitucional é um ponto de viragem nos acalorados debates sobre os direitos dos povos indígenas à terra no país, e também tem consequências importantes para a conservação ambiental.
A demarcação de reservas garante aos povos indígenas o direito inalienável de ocupar suas terras ancestrais, bem como o uso exclusivo dos recursos naturais, preservando seu modo de vida tradicional. Muitos cientistas acreditam que estas reservas desempenham um papel essencial no combate ao aquecimento global, como barreira à desflorestação.