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Sob pressão, Bolsonaro reorganizou seu gabinete

Postado na terça-feira, 30 de março de 2021 às 04h20

Enfraquecido pelo agravamento da crise do coronavírus, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro reformulou seu gabinete na segunda-feira, com seis mudanças de gabinete, em pastas ministeriais importantes, como justiça, defesa ou relações exteriores.

O anúncio surpreendeu a maioria dos observadores, já que estava prevista a saída do único ministro, o chanceler Ernesto Araujo, que foi criticado por bloquear a importação de vacinas devido às más relações com a China.

Com o início da segunda parte de seu mandato de quatro anos, Bolsonaro está sob crescente pressão do Parlamento, com críticas de todos os lados por sua manipulação confusa da crise de saúde.

O Brasil é o segundo país mais enlutado do mundo depois dos Estados Unidos, com quase 314.000 pessoas mortas pelo vírus e mais de 2.500 mortes em média todos os dias durante uma semana.

Há duas semanas, ocorreu outra mudança importante, a quarta em menos de um ano à frente do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuelo foi substituído pelo cardiologista Marcelo Quiroga.

A remodelação do gabinete de segunda-feira visivelmente permite que o presidente se aproxime do “Centrao”, um grupo informal de parlamentares centristas que colheu seu apoio em troca de cargos importantes.

Assim foi nomeada a deputada Flavia Arruda para a secretaria de governo encarregada do diálogo com o Parlamento. Este número do Centro é apenas o terceiro dos 22 ministros.

– “Paria” –

Mas a mudança que o Centrao mais pediu foi no Departamento de Estado.

“Muitos erros foram cometidos no combate à epidemia, um deles é a falta de relações diplomáticas frutíferas com países que poderiam ter cooperado com o Brasil neste momento de crise”, expressou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na semana passada seu arrependimento. .

Curioso, de 53 anos, Araújo foi um dos membros mais entusiastas da “ala ideológica” do governo Bolsonaro, um feroz crítico da globalização e um fervoroso admirador do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

Ele não parou de criticar o “marxismo cultural” que “influenciou a ortodoxia científica do aquecimento global”.

Araujo muitas vezes irritou a China “maoísta” com seus comentários provocativos, embora Pequim seja o maior parceiro comercial do Brasil.

Em outubro passado, ele admitiu que o isolamento diplomático do Brasil não era um grande problema para ele. “Sim, o Brasil fala de liberdade em todo o mundo. Se isso nos torna párias, sejamos párias”, disse ele aos futuros diplomatas brasileiros.

No final, foi substituído por Carlos Alberto Franco Franco, ex-embaixador que o jornal Folha de São Paulo qualificou de “diplomata conservador”.

– ‘Preserve o exército’ –

Se a saída do Sr. Araújo ficou no ar por várias semanas, a saída de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa surpreendeu a todos. Em uma breve declaração, ele afirmou que era “completamente leal” ao presidente Bolsonaro. Mas ele também queria enfatizar seus esforços “para preservar o exército como uma instituição do Estado”.

O jornal O Globo citou fontes que informaram que o ministro se incomodava com as manifestações de militantes fiéis a Bolsonaro, nostálgicos da ditadura militar (1964-1985), que exigiam a “intervenção” do exército contra o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal.

“O motivo dessa saída não está claro”, disse Maurício Santoro, professor de ciência política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.Tal ou o presidente quer confiar esse cargo a um aliado político, ou eles tiveram uma grande diferença.

O novo Ministro da Defesa já estava no governo: o General Walter Braga Neto deixaria o cargo de Ministro da Casa de Sevilha, a meio caminho entre as funções de Chefe de Gabinete e Primeiro-Ministro.

Este último cede o cargo a outro general, Luís Eduardo Ramos, que é substituído por Flávia Arruda no Gabinete.

O jogo das Cadeiras Musicais preocupa também o Ministro da Justiça cessante, que regressa ao cargo de Procurador-Geral da União, responsável pela defesa dos interesses jurídicos do país, Andrei Mendonça.

Jair Bolsonaro nomeou o ex-policial Anderson Gustavo Torres à justiça.

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