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Sul do Brasil está submerso, 29 mortos e 60 desaparecidos

O número de mortos pelas chuvas torrenciais que atingiram o sul do Brasil nos últimos dias, com seu cortejo de enchentes e deslizamentos de terra, atingiu pelo menos 29 pessoas na quinta-feira, enquanto 60 pessoas ainda estão desaparecidas.

Em todo o estado do Rio Grande do Sul, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ajuda estatal, há cenas dantesianas: enormes deslizamentos de terra, casas e carros submersos até onde a vista alcança, e evacuações brutais de moradores e animais. Condições de risco pelos serviços de emergência.




Agência de imprensa francesa

Para o governador Eduardo Leite, este é o “pior desastre climático” já visto neste estado que faz fronteira com o Uruguai e a Argentina.

“Quero lamentar profundamente todas as vidas perdidas. Neste momento estão registadas 29 mortes, e com muita dor sei que haverá mais”, disse no final do dia, anunciando também a perda de 60 pessoas.

O relatório anterior mostrou que 13 pessoas foram mortas e outras 21 estavam desaparecidas. Trinta e seis infecções foram registradas.




Agência de imprensa francesa

“Nunca vi nada assim antes. Está tudo debaixo d’água e vai piorar. É impossível dormir e não sabemos quanto o nível da água vai continuar subindo”, Raul Metzl, 52 anos, morador do bairro. cidade de Capilla de Santana, disse à AFP.

Imagens aéreas captadas pela agência France-Presse mostram setores inteiros desta área invadidos pelas ondas, sendo visíveis apenas os telhados das casas.




Agência de imprensa francesa

Na noite de quarta-feira, foi declarado “estado de calamidade geral” no Rio Grande do Sul, que há vários dias é afetado por tempestades e trovoadas devastadoras.

“Aliviar o sofrimento”

Lula, que se encontrou quinta-feira com o governador em Santa María, uma das cidades mais atingidas, prometeu que o Rio Grande do Sul “não faltará meios” humanos ou materiais para lidar com esta tragédia.

Mais de 600 soldados estavam programados para serem enviados como reforços para operações de socorro e para distribuir alimentos às vítimas.

Acompanhado em particular pela ministra do Ambiente, Marina Silva, o Chefe de Estado sublinhou que o Governo Federal se mobilizou “100%” para “aliviar o sofrimento causado por este evento natural extremo”.




Agência de imprensa francesa

As enchentes estão concentradas na região central do Rio Grande do Sul, onde 154 áreas foram afetadas.

Segundo o último relatório da Defesa Civil, mais de 10 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e cerca de 4,6 mil delas foram transferidas para abrigos.

Muitas estradas estão inacessíveis e o abastecimento de água e eletricidade está em risco para centenas de milhares de pessoas, segundo as autoridades locais. As cidades estão completamente isoladas, sem sinal de internet ou celular.




Agência de imprensa francesa

O governador ordenou a evacuação de residentes de seis municípios localizados numa zona montanhosa, devido às cheias do rio Kai.

Claudio Oliveira, mecânico de 54 anos, residente em Capilla de Santana, está preocupado com os familiares que residem em Montenegro, um dos municípios em questão, a cerca de vinte quilómetros de distância.

“Não podemos fazer nada com ela. Parte da minha família mora lá, mas não posso trazê-los para minha casa porque não podemos ir buscá-los.”

Chuva está prevista para sexta-feira

Também houve preocupação após o anúncio do rompimento parcial de uma barragem na outra cidade montanhosa de Kutipora.

O Instituto Meteorológico Inmet prevê fortes chuvas até sexta-feira.




Agência de imprensa francesa

As aulas foram suspensas até segunda ordem nas escolas do Rio Grande do Sul, assim como as partidas de futebol marcadas para este final de semana.

Em setembro, pelo menos 31 pessoas morreram neste estado após um furacão devastador.

Segundo especialistas, o aquecimento global aumenta a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos que ocorrem um após o outro no Brasil. A situação é ainda agravada pelo fenómeno climático El Niño.

Os cientistas estimam que as atuais temperaturas globais sejam cerca de 1,2 graus Celsius mais elevadas do que em meados do século XIX, levando ao aumento das inundações, secas e ondas de calor.

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Alec Robertson

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