Denunciando o facto de não ter acesso a determinados documentos do processo, o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro manteve-se em silêncio perante os agentes da polícia que o interrogaram na quinta-feira sobre o seu alegado envolvimento numa “tentativa de golpe de Estado” no final do Eleições presidenciais de 2022.
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O ex-presidente brasileiro de extrema direita Jair Bolsonaro permaneceu em silêncio nesta quinta-feira, 22 de fevereiro, diante da polícia de Brasília, que o convocou para interrogá-lo sobre seu suposto envolvimento em uma “tentativa de golpe de Estado” para permanecer no poder. Rodeado de negócios, o ex-chefe de Estado, no poder de 2019 a 2022 na principal potência da América Latina, está mais ameaçado do que nunca por esta retumbante investigação.
Este novo encontro de Jair Bolsonaro com a justiça surge antes de uma manifestação marcada para domingo em São Paulo. O líder da oposição, condenado no ano passado à inelegibilidade até 2030 por desinformação, apelou aos seus apoiantes para uma “reunião pacífica” que deverá permitir testar a extensão do seu apoio.
“A única razão pela qual ele usou o silêncio é porque hoje responde a uma investigação semisecreta”, disse o advogado Paulo Cunha à imprensa perto da sede da polícia. federal em Brasília. Segundo ele, o facto de não ter acesso a determinados documentos do processo “impede que a defesa tome conhecimento dos elementos pelos quais (o seu cliente) foi convocado” para esta audiência que durou apenas meia hora.
Mas os seus advogados garantiram num comunicado de imprensa que o ex-chefe de Estado “não deixará” de falar com a polícia “quando o acesso (aos documentos solicitados) estiver garantido, sabendo que sempre respondeu às intimações das autoridades policiais”.
Segundo a imprensa local, cerca de vinte outras personalidades do seu campo também suspeitas, incluindo ex-ministros, foram entrevistadas pelos investigadores ao mesmo tempo que ele em várias cidades do país. O site de notícias G1 informa que sete deles também permaneceram em silêncio, incluindo três generais que fizeram parte do governo Bolsonaro.
O ex-presidente mantém sua inocência e diz ser vítima de “perseguição implacável” por parte do governo do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou nas eleições de outubro de 2022. tentou um golpe no Brasil, essa é a grande verdade”, reiterou Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, durante entrevista à rádio CBN Recife.
Embora muitos especialistas acreditem que o risco de prisão é real para este antigo capitão do exército, este último “não tem medo porque não cometeu nenhum crime”, assegurou Paulo Cunha.
No dia 8 de fevereiro, uma operação policial em grande escala chamada “Tempus veritatis” (a hora da verdade, em latim) teve como alvo vários antigos colaboradores próximos do ex-presidente, com dezenas de buscas e detenções.
Agora proibido de sair do país, Jair Bolsonaro é suspeito de ter participado num vasto plano que mobiliza sobretudo ministros e militares de alta patente para garantir que permaneceria no poder após as eleições presidenciais de 2022.
Segundo os investigadores, esse plano consistia em desacreditar o sistema de urna eletrônica em vigor no Brasil, ao usar a “desinformação” para “difundir suspeitas de fraude nas eleições presidenciais de 2022 antes mesmo da votação, para legitimar a intervenção militar”. a uma tentativa de “golpe militar para impedir que o presidente legitimamente eleito chegue ao poder”.
Segundo a polícia, Jair Bolsonaro alterou pessoalmente um projeto de decreto que visava convocar novas eleições e prender Alexandre de Moraes. Este juiz do Supremo Tribunal é a ruína do ex-presidente por ter iniciado uma série de investigações contra ele. Ele agora lidera a investigação sobre um suposto “projeto golpista”.
O decreto acabou por não ver a luz do dia, mas as instituições brasileiras foram abaladas em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, quando milhares de simpatizantes bolsonaristas saquearam lugares de poder em Brasília. Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos naquele dia.
O antigo chefe de Estado já compareceu perante a polícia, nomeadamente por suspeita de falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19 ou de alegada apropriação indevida de presentes recebidos de países estrangeiros, em particular joias oferecidas pela Arábia Saudita. Em junho, foi declarado inelegível por oito anos por divulgar informações falsas sobre o sistema eleitoral.
Com a AFP
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