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Tempo de carnaval no Rio, entre magia e política

Rio de Janeiro (AFP) – Você ama vermelho e branco? Para o verde e rosa? Ou seu coração bate pelo azul e branco? As prestigiadas escolas de samba defenderão suas cores na noite de domingo no “maior espetáculo do planeta”: o carnaval carioca.

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“Dia da graça”, cantou Candeia, um dos grandes da história do samba, numa comovente canção dedicada a este encontro anual. Dia de alegria e fé.

Serão comunhão duas noites seguidas, domingo e segunda, no caldeirão do Sambódromo.

Será o encantamento dos carros alegóricos monumentais, dos dançarinos em trajes cintilantes, e do poder dos “tambores”, seções rítmicas para acordar os mortos.

Mas através da magia, é do Brasil, da sua história e da sua identidade que as escolas vão falar.

“Um campo de pesquisa artística” e “crítica social” andam de mãos dadas com o carnaval, explica à AFP Vivian Pereira, integrante do grupo de estudos independente Quilombo do samba.

“As escolas de samba estão atentas ao contexto social e político e utilizam o seu espaço, o tempo que passarão na Avenida Marques de Sapucaí, para se expressarem sobre esses temas”, acrescenta esta jovem apaixonada.

No programa: exaltação de figuras negras pouco conhecidas, ou conhecidas como a cantora Alcione, evocação de tradições com raízes na África, mas também homenagens às comunidades indígenas.

A Escola Salgueiro celebrará a visão de mundo dos Yanomami, um povo da Amazônia que enfrenta uma grave crise humanitária causada pelas incursões dos garimpeiros ilegais.

Lula depois de Bolsonaro

Com o regresso ao poder no ano passado do líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, o tom geral parece geralmente menos ofensivo do que foi durante os quatro anos de Jair Bolsonaro no cargo.

O carnaval está a todo vapor enquanto o ex-presidente de extrema direita, que nunca escondeu a sua falta de simpatia por esta cultura, é mais do que nunca ameaçado pela justiça. Ela está liderando uma vasta investigação sobre uma suposta “tentativa de golpe” que teria sido armada pelo campo de Bolsonaro para evitar sua derrota eleitoral em 2022.

O samba foi inventado há um século por comunidades descendentes de escravos africanos levados à força para o Brasil. Desde então, ela é emblema da cultura popular no país e no Rio.

Dançarinos durante a cerimônia de abertura do Carnaval do Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2024 no Brasil © MAURO PIMENTEL/AFP

Dias de graça, dias de confronto também: seis escolas desfilarão na primeira noite, as outras seis na noite seguinte, numa viagem que deverá durar 60 a 70 minutos para cada uma. Todos se preparam há um ano para conquistar o título de campeão.

Seu destino será decidido pelos jurados com base em critérios precisos, qualidade dos carros alegóricos e figurinos, escolha do tema ou coreografia.

Dias de reais também: as festas cariocas devem gerar 5,3 bilhões de reais (um bilhão de euros) para a economia. A publicidade está tendo um dia de campo. Uma marca de cerveja lançou uma coleção de latas nas cores de cada uma das 12 escolas rivais.

“Cidadania Lúdica”

Para que crimes graves não estraguem a festa, milhares de policiais são mobilizados por toda a região durante o carnaval, principalmente no entorno do Sambódromo.

Outra preocupação: uma epidemia de dengue que já causou cerca de cinquenta mortes confirmadas no Brasil. Repelentes de mosquitos serão distribuídos aos espectadores.

O carnaval de rua Bolo Doido desfila no bairro de Deodoro, subúrbio do Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 2024 no Brasil © MAURO PIMENTEL/AFP

Ao mesmo tempo, o carnaval de rua, liderado pelos “blocos” e seus cortejos musicais, é desencadeado durante o dia, desde áreas privilegiadas até bairros populares.

Sábado, no bairro chique de Ipanema, conhecido por sua praia dos sonhos, um “bloco” atraiu uma multidão colorida, vestida com roupas curtas e alegremente bêbada ao homenagear Conceição Evaristo, figura das letras brasileiras.

Para a ocasião, a grande escritora negra formulou no jornal O Globo um desejo sobre o carnaval e seu país assolado pelas desigualdades: “Que este momento de celebração se transforme, ou que possa traduzir as relações sociais, econômicas e a política no cotidiano das pessoas”. o brasileiro, e que todos sejam integrados, não por uma cidadania lúdica, mas por uma cidadania de direito”.

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