Era outro tempo, outro mundo. No final de fevereiro de 2020, Nathan Dimes e seu pentagrama preto chegaram ao Brasil para uma pequena turnê de três datas em Guaramiranga, Recife e São Paulo. Em pleno verão, em pleno carnaval, um delírio completo. “Eu esperava que houvesse muitas pessoas, mas não tantas” que continua sendo o saxofonista entusiasmado em Bruxelas até hoje. “Nós nunca tivemos uma audiência tão grande antes, foi enorme, e você não pode nem ver onde a audiência parou. A maioria das pessoas não nos conhecia, e ainda assim a resposta foi incrível.”
Naquela época, o treinamento de jazz ainda estava em pleno andamento flora futura Lançado em 2018, um poema todo em ritmo e espectador da natureza. “Assim, havia uma clara associação com a cultura brasileira”, continua Nathan Dimes. “Em especial com o percussionista psicodélico Nana Vasconcelos, que sempre homenageou a floresta amazônica em suas composições.” Este quarto álbum “foi como um sonho, um sonho em que plantas, árvores e todos os elementos orgânicos recuperam seus direitos e florescem”.
“Sempre fico um pouco com a impressão de que sou hippie quando digo isso”, ri o capitão da nova guarda do jazz belga. “Mas nós, humanos, somos parte integrante da natureza, ela naturalmente nos inspira. O jazz, em particular, é baseado em uma abordagem orgânica. É uma conversa natural entre máquinas. Quando alguém fala, você ouve, interage, mas não Para fazer muito, você fica no básico. A fluidez é o elo entre o jazz e a natureza.”
A bela ladra carioca
Dois anos depois, Black Flower retorna com magma *** (Sdbn, lançado sexta-feira, 28 de janeiro) Ainda é orgânico e ainda líquido. “Mamagma é literalmente a origem da vida, o elemento que dá forma à pedra”, continua Nathan Dimes, preso no modo hippie. Musicalmente, é o símbolo da imaginação que subjaz a toda criação, o oceano de possibilidades de coisas que podem ser criadas. Menos chamativa, mas mais sutil que Future Flora, a quinta produção de Black Flower oferece, às vezes, um retorno às origens do Ethiojazz do grupo, carregadas pelos onipresentes consoles do recém-chegado Karel Cuelenaere.
Mas o termo é abreviado. O mundo de Black Flower é muito mais amplo, e a maioria dessas composições nasceu durante essa famosa turnê brasileira. “Ficamos muito confusos imediatamente”, confirma Nathan Dams. “Morning In The Jungle”, por exemplo, nasceu no Rio de Janeiro. Uma noite, caminhávamos por um bairro curioso, meio festivo, meio perigoso. Em um ponto, uma mulher se aproximou do trompetista – John Birdsong – mas ela estava tão perto, ela estava claramente entrando em seu círculo íntimo. No segundo seguinte, John percebeu que ela havia roubado seu telefone e estava prestes a entregá-lo a um parceiro. Ele mal conseguia pegá-lo, e tudo isso deu origem a um movimento curioso, semelhante a um gabarito.
então contenção
emprego magmaBlack Flower pega os personagens dessa complexa situação e reescreve a história em um dueto com o cantor flamengo Meskerem Mees. “Este episódio gerou uma espécie de fantasia”, continua Nathan Dimes. “A ideia de que o ladrão e a vítima se encontraram em outras circunstâncias menos tristes. Ambos se encontram uma manhã na floresta ao nascer do sol. Eles se olham e percebem o que está acontecendo entre eles. Um pequeno sonho ingênuo, uma versão onírica da realidade.”
A realidade, em particular, foi dura quando o grupo teve que se mudar em uma semana, do verão brasileiro ao fechamento de Bruxelas. Mais contactos, mais sol, menos concertos… mas mais tempo.
Mal, Flor Negra entra no estúdio, empilha por cinco dias e deixa o resultado por quatro meses. “Tínhamos tempo, então aproveitamos”, diz Nathan Daems. “Conseguimos parafrasear músicas, e a chegada de Karel aos consoles mudou muita coisa, ele chegou com um novo cartão. Quando você inicia uma conversa e substitui alguém na conversa, inevitavelmente toma um novo rumo.”
Próximas direções: Bélgica, Alemanha, Holanda, França e Sérvia, onde Black Flower abrirá a loja para uma turnê começando em Bruxelas (Ancienne Belgique) em 16 de fevereiro.
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