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Brasil | Bolsonaro aperta o cinto aos artistas

(Rio de Janeiro) O governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro emitiu nesta terça-feira uma ordem que obriga os artistas a apertar o cinto ao reduzir o teto de isenções fiscais para financiamento privado de projetos culturais.

Publicado em 8 de fevereiro

“Mantendo minha promessa de tornar a Lei Rouanet (que rege o financiamento privado na Cultura) mais justa e popular, solicitei a publicação de uma portaria com todas as mudanças que havíamos anunciado”, tuitou Mario Frias, secretário de Cultura do Governo.

Esta mensagem foi ilustrada com uma foto dele ao lado do presidente de extrema-direita assinando a ordem em questão.

FOTO TWITTER CONTA DE MARIO FRIAS

“Mantendo minha promessa de tornar a Lei Rouanet (que rege o financiamento privado na Cultura) mais justa e popular, solicitei a publicação de uma portaria com todas as mudanças que havíamos anunciado”, tuitou Mario Frias, secretário de Cultura do Governo.

Em termos concretos, o valor máximo de isenção fiscal para financiamento de projetos culturais por empresas foi reduzido pela metade, passando de 1 milhão para 500 mil reais (241 mil dólares canadenses para 120,5 mil dólares canadenses).

Para projetos culturais maiores, como festivais ou feiras literárias, o teto foi fixado em 4 milhões de reais (964 mil dólares canadenses), 6 milhões para óperas ou concertos sinfônicos.

Mas o aspecto mais criticado pelo mundo da cultura é o novo teto autorizado para o financiamento com isenção de impostos do cachê de um artista solo, que foi dividido por 15, de 45 mil para 3 mil reais (723 dólares canadenses) por espetáculo.

“É uma quantia excelente para artistas em início de carreira, não haverá exceção para celebridades”, já havia tuitado no mês passado André Porciúncula, responsável pelas questões de financiamento cultural no governo.

O Ministério da Cultura foi extinto quando Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019, reduzido a uma simples secretaria, sob a supervisão do Ministério do Turismo.

Logo após o anúncio da publicação da nova portaria, o secretário Mario Frias brincou de provocação ao compartilhar em sua conta no Twitter um vídeo de uma paródia de uma canção popular evocando artistas que querem “mamar dentro da lei Rouanet”.

“Estamos em processo de mudança na lei Rouanet. Queremos que seja voltado para artistas em início de carreira e não para figurões como Ivete Sangalo”, disse o presidente Bolsonaro no início de janeiro.

Uma alusão ao famoso cantor baiano, que segundo ele teria se beneficiado dos “peitos gordos” dessa lei.

No final de dezembro, um vídeo que circulava nas redes sociais mostrava Ivete Sangalo incentivando seus fãs a gritar “Fora Bolsonaro” durante um show privado.

O governo Bolsonaro tem sido repetidamente acusado de “censura”. Alguns artistas relatam dificuldades na obtenção de bolsas ou isenções fiscais para financiamento privado, principalmente para projetos relacionados a temas LGBT ou críticas à ditadura militar (1964-1985).

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