Famílias, algumas chorando, desceram o morro do Alto da Serra, levando consigo os escassos bens que conseguiram resgatar depois que as chuvas “fortes” enlutaram uma parte da cidade turística de Petrópolis, no sudeste. Leste do Brasil.
“É impossível, nunca poderíamos imaginar que algo assim aconteceria”, diz Elizabeth Lourenço, com lágrimas nos olhos, segurando duas grandes bolsas nas quais estava colocando algumas roupas, enquanto descia a encosta íngreme. a chuva.
Como todos os moradores do bairro, a manicure de 32 anos teve que deixar sua modesta casa, temendo novos deslizamentos de terra. “No auge da chuva, muita lama escorreu do topo do morro e galhos de árvores caíram nos fundos da minha casa”, disse ela à AFP.
A algumas dezenas de metros de distância, uma bagunça. Parte do morro está coberta de lama e coberta de tijolos e ferro corrugado. Segundo as autoridades, a tragédia matou pelo menos 94 pessoas, segundo relatório divulgado à noite pelo governador Cláudio Castro e pode aumentar.
Os socorristas cavam para tentar encontrar sobreviventes, enquanto os moradores observam a cena, desconfiados, tremendo a cada helicóptero que passa, ensurdecedores.
“Estava jantando quando começou a tempestade. Meu irmão veio me buscar e disse: ‘Temos que sair, o morro está desmoronando'”, explica Jeronimo Leonardo, 47 anos, cuja casa, relativamente bem conservada, dá para a encosta da o morro devorado pelo deslizamento de terra.
Todos os moradores do Alto da Serra, bairro popular construído em uma encosta, a cerca de vinte minutos do centro histórico da cidade, tiveram que desocupar o prédio. Destino: Igreja de Santo Antonio, que fica a cerca de dez minutos a pé.
“Água até a cintura”
Do pátio da frente desta pequena igreja colonial com fachada azul celeste, você pode ver a área que foi devastada pelo deslizamento de terra através da neblina. Dezenas de famílias se reuniram com sacolas e muitos voluntários vieram trazer doações.
Desde o início da tragédia, abrimos as portas da paróquia para receber as vítimas. [mardi] No início da noite. “Recebemos cerca de 150, 200 pessoas, incluindo um grande número de crianças”, conta o padre Celestino, pároco.
Atrás da igreja, colchões foram instalados no chão do grande salão paroquial. “Eu não dormi a noite toda”, diz Yasmin Kenya Narciso, assistente escolar de 26 anos, amamentando sua filha de 9 meses, Luana, sentada em um colchão.
A jovem, que mora com a outra filha de 6 anos e os avós, só conseguiu sair de casa às 23h. Tentamos sair cedo, mas havia muitas pedras no meio da estrada e tudo estava alagado. Diz essa jovem negra que usa chapéu.
Não tive notícias de vários vizinhos: uma velhinha e seus três netos, que moravam a poucos metros de altura, foram enterrados na lama. »
No prédio da paróquia, ela conseguiu trocar a fralda da filha graças às doações que chegaram pela manhã.
No adro, dezenas de voluntários descarregam garrafas de água de uma caminhonete, enquanto outros separam roupas na recepção. “Posso pegar alguns sapatos?” pergunta um menino descalço e com a roupa manchada de lama.
As vítimas começaram a esperar muito tempo, porque não saberiam logo se um dia poderiam voltar para casa. Se a casa deles não desmoronar.
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