uma foto e uma família de catadores mudam suas vidas

A foto icônica de um adolescente brasileiro com uma árvore de Natal no meio de um aterro gerou tanta solidariedade que a família de Gabriel Silva conseguiu realizar o sonho de comprar uma casa.

Imortalizada pelo colaborador da AFP João Paulo Guimarães, a imagem do adolescente negro de 13 anos pegando a árvore verde de plástico em meio a urubus e montes de um lixão em Pinheiro, Estado do Maranhão (nordeste), comoveu todo o Brasil.

Pouco antes das comemorações de fim de ano, simbolizava a angústia de milhões de famílias mergulhadas na miséria que ganhou terreno com a crise do coronavírus.

“Estou muito feliz. Antes morávamos em uma casa de adobe, sem conforto. Agora temos uma casa bacana”, disse o adolescente que passa longas horas todos os dias com a mãe catando lixo reciclável. no lixo depois da escola.

Em seu antigo sótão, ele morava com sua mãe e seus três irmãos no chão, em terra batida. De dentro, o céu podia ser visto através do espaço entre a parede e o telhado de palha.

Graças à distribuição da foto com a árvore de Natal, os potes online trouxeram o dinheiro necessário para comprar uma casa permanente.

“Nunca imaginei que essa foto fosse desencadear tudo isso. Me surpreendeu”, admite Gabriel Silva, muito orgulhoso de ter seu próprio quarto em sua nova casa.

Nesta casa comprada há algumas semanas, a família tem agora três quartos, uma cozinha separada e uma garagem.

“E acima de tudo, eletricidade, água encanada e um chuveiro de verdade”, disse sua mãe Maria Francisca Silva, 45 anos. “Antes, você tinha que buscar água longe com um balde para se lavar”, lembra ela.

Mais de 2.000 pessoas contribuíram para o pote, arrecadando 80.000 reais (cerca de 14.000 euros). Segundo dona Silva, a casa custou 49 mil reais e “só falta colocar os azulejos e comprar alguns móveis”.

Agora, Gabriel Silva espera realizar outro sonho: “tornar-se jogador de futebol profissional”.

Segundo o instituto de estatísticas do IBGE, 24,1% dos 213 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza em 2020.

O estado do Maranhão, onde mora a família Silva, é o que apresenta o maior percentual de pessoas vivendo em extrema pobreza, segundo relatório da ONU de 2019 (quase 20%).