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Uma noite mágica e mística para encerrar o Carnaval do Rio em grande estilo

Elefantes gigantes em carros alegóricos majestosos, obabs e super-heróis negros: Os desfiles do Carnaval do Rio terminaram no domingo, celebrando as raízes africanas do Brasil, para as festividades de volta após dois longos anos de espera.

O impulso irreprimível para a festa ficou evidente em um país que sofreu tanto durante a pandemia de Covid-19, com mais de 660.000 mortos.

O espírito resumiu-se perfeitamente durante o colorido e alegre desfile da Escola de Samba Grand Rio, uma ode a transcender a loucura do Carnaval, com enormes carros alegóricos e bailarinos em trajes cintilantes que encantaram cerca de 70.000 espectadores.




Em uma agitação de transe, esta escola em Duque de Caxias, um subúrbio pobre ao norte do Rio, destacou Exu, a divindade afro-brasileira do partido, que muitas vezes é demonizada por igrejas neopentecostais que apoiam o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

– ‘Confirmar minha identidade’ –

O Paraíso do Tuiuti, a primeira das seis escolas a desfilar da noite para o dia de sábado a domingo, homenageou grandes personalidades negras de todo o mundo, de Nelson Mandela a Barack Obama, passando por RuPaul ou Beyoncé.

“É realmente um bom momento para abordar este tema, destacar as lideranças negras, porque vivemos em um período complexo, com tantos preconceitos”, disse à AFP o cabeleireiro Felipe Cordero, 32 anos. Mais de 500 km do Rio ao Desfile.

“Meu coração está batendo por mil horas, e esta será minha primeira vez, e tenho certeza que será uma bruxa”, acrescentou, pouco antes de entrar na dança.

E a magia realmente estava lá: os espectadores ficaram maravilhados ao ver o super-herói Pantera Negra aparecer como um relâmpago de um tanque que representa o reino fictício de Wakanda, graças a um engenhoso sistema de feixes mecânicos.

“O carnaval carioca é feito por negros. A participação nesta festa me permite confirmar minha identidade”, disse à AFP Camila Oliveira, professora de 32 anos.

– Guaraná e aborígenes –

O carnaval, que muitas vezes representa toda a diversidade da sociedade brasileira, também deu destaque aos indígenas, os guardiões da proteção da selva amazônica, uma das principais barreiras contra o aquecimento global.

Repleto de riquezas naturais, como o guaraná, fruta com muitos benefícios nutricionais e medicinais, tema escolhido pela escola Unidos da Tijuca, brincando com sua canção: “Criança indígena, a floresta é sua”.

Este é um tema quente, já que o desmatamento atingiu níveis recordes desde a eleição de Jair Bolsonaro.

O desfile da Unidos da Tijuca contou com destaque para um enorme carro alegórico com árvores carbonizadas, com cabeças de dragões cuspidores de fogo representando destruidores ambientais.

Em outro tanque, representantes indígenas levantaram faixas pedindo a demarcação de novas reservas indígenas e um protesto contra um projeto de lei que os aliados do governo de Bolsonaro fizeram campanha com o objetivo de legalizar a exploração de mineração nessas terras.

O sambódromo também viu um zoológico gigante desfilar em bóias: crocodilos, onças, cobras e, acima de tudo, um elefante branco maior que a vida, pelo menos como um mamute pré-histórico.

Outras seis escolas já haviam organizado um desfile noturno de sexta a sábado, 12 no total para disputar o título de Grande Campeão do Carnaval, sendo cada espetáculo avaliado pelos jurados de acordo com nove critérios, como qualidade dos carros alegóricos ou os figurinos.

Mas para quem vive do samba o ano todo, desfilar nessa hora inusitada, dois meses depois do planejado, já é uma grande vitória.

O carnaval foi simplesmente cancelado em 2021 e adiado este ano devido ao Covid.

“Tivemos problemas para organizar os comícios este ano. Por causa da pandemia, ficamos sem recursos e houve atraso na entrega de” materiais para confecção de carros alegóricos e fantasias, lamenta Leandra Lopes, 47 anos, responsável por questões logísticas para várias escolas de samba.

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Opal Turner

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