Seus passos de dança fizeram dele o varredor de rua mais famoso do Brasil. Sua história começa em 1998. Renato Sorriso pisou pela primeira vez na lendária pista do Sambódromo do Rio de Janeiro. Todos os anos, as melhores escolas de samba competem numa explosão de cores, penas e efeitos especiais.
Após a passagem de cada procissão, um exército de mãozinhas limpa a pista na hora da luz. Objetivo: deixá-lo impecável para a entrada na próxima escola. O nome deles ? Os caras”. Reconhecíveis pelo uniforme laranja e azul marinho, são os catadores de lixo e varredores do Rio de Janeiro.
“Eu estava lá, no covil dos deuses do samba, onde os melhores bailarinos sonham em brilhar, e não conseguia parar de sambar”, lembra Renato. Seu empresário o repreende enquanto ele o segue, mas os aplausos explodem. O público está conquistado.
Sua gestão muda de ideia e permite que ela dance enquanto trabalha. Nasce uma lenda. Há mais de 25 anos, o sambista improvisado anima os intervalos interescolares, com seus passos de dança e seu sorriso contagiante.
Fora do período do Carnaval, que dura uma semana todo mês de fevereiro, Renato é responsável pela limpeza de uma pracinha florida na Tijuca, subúrbio do Rio de Janeiro. Na vizinhança, seu rosto é familiar. Ele larga regularmente a vassoura, interrompido por transeuntes que querem tirar uma foto com a estrela “gari”.
Paris, Londres, Madrid, Bahrein: Renato Sorriso viajou pelo mundo, de palco em palco. Como ele gosta de dizer, “o passaporte é a vassoura”. Ele conheceu os maiores, Maradona e Pelé na liderança, e seu balanço de quadril o levou até aos Jogos Olímpicos. “Gari Sorriso” levou a chama até lá quatro vezes. A dança mudou sua vida, mas ele nunca pensou em mudar de carreira. Hoje com 59 anos, Renato não pretende se aposentar tão cedo.