O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro e a sua esposa Michelle chegaram quinta-feira à sede da Polícia Federal em Brasília para serem interrogados no âmbito de uma investigação sobre a alegada apropriação indébita de jóias oferecidas por países estrangeiros.
• Leia também: Bolsonaro internado para “exames de rotina”
• Leia também: Amazônia: uma cúpula sul-americana para salvar a maior floresta tropical do mundo
Esta é a quinta vez que o antigo líder da extrema-direita é interrogado pela polícia desde que deixou o poder, no final de dezembro, após a derrota nas eleições presidenciais contra Luiz Inácio Lula da Silva (esquerda).
Bolsonaro, a ex-primeira-dama e seis de seus colaboradores próximos deverão responder às perguntas da polícia separadamente e, simultaneamente, uma delas de uma delegacia de São Paulo.
Um fotógrafo da AFP notou a chegada de vários veículos à sede da Polícia Federal em Brasília poucos minutos antes do horário previsto para o início das audiências (11h, horário local, 14h GMT). Segundo relatos da mídia, Jair Bolsonaro estava em um deles.
Os investigadores suspeitam que a sua comitiva tenha revendido alguns destes presentes, nomeadamente relógios de luxo, com vista ao “enriquecimento ilícito” do antigo chefe de Estado (2019-2022).
Este último corre assim o risco de ser preso por branqueamento de capitais e apropriação ilegal de bens públicos.
Segundo o Tribunal de Contas do Brasil, apenas presentes “de caráter altamente pessoal ou de mínimo valor monetário” poderão ser mantidos pelo presidente brasileiro no final de seu mandato.
A Polícia Federal decidiu que os interrogatórios ocorreriam simultaneamente, o que poderia revelar possíveis contradições entre as versões dos entrevistados.
O escândalo das joias eclodiu em março, quando o jornal Estado de S. Paulo revelou que altos funcionários tentaram contrabandear um conjunto de diamantes destinado a Michelle Bolsonaro da Arábia Saudita para o Brasil sem declará-lo. antecipadamente.
Mas os investigadores apontam para pistas que mostram que muitos outros presentes do Estado podem ter sido desviados, como um relógio Rolex revendido nos Estados Unidos e posteriormente comprado por um advogado de Bolsonaro.
Há duas semanas, um juiz do Supremo Tribunal autorizou o levantamento do sigilo bancário do ex-presidente e da sua esposa para identificar possíveis movimentações suspeitas nas suas contas ligadas a este caso.
Jair Bolsonaro foi entrevistado pela Polícia Federal no âmbito da mesma investigação em abril e negou qualquer irregularidade.
Na semana passada, Michelle Bolsonaro falou do escândalo com ironia. “Fala-se tanto em joias que em breve lançarei a linha “Mijoux””, disse ela durante evento organizado por sua festa.
Além dos processos criminais, Bolsonaro teve problemas com a justiça eleitoral, que o declarou inelegível por oito anos no final de junho por ter divulgado informações falsas em urnas eletrônicas.