Com nosso correspondente no Rio de Janeiro, Sarah Cozzolino
“ Fomos silenciados », declarou Rosa Weber: a juíza do Supremo defendeu o seu voto a favor da descriminalização do aborto em 103 páginas. Ela sublinhou que a proibição não é eficaz, num país onde uma em cada sete mulheres já fez um aborto, e que medidas preventivas seriam mais adequadas em vez de uma proibição, como a educação sexual.
Porque no Brasil a maioria das mulheres que fazem abortos ilegais tem menos de 19 anos e as que sofrem complicações muitas vezes são negras ou indígenas.
Este voto é uma esperança para as feministas e para a esquerda brasileira num país muito religioso, onde as igrejas evangélicas têm peso político. Segundo pesquisa recente do instituto Datafolha, 52% dos brasileiros estão opõe-se à autorização da interrupção voluntária da gravidez (IVG).
Isto só é permitido sob raras exceções: em caso de violação, risco para a mãe ou se o feto não tiver cérebro.
A votação no Supremo Tribunal, composto por onze juízes, incluindo apenas duas mulheres, foi interrompida pouco depois do seu início e deverá ser retomada posteriormente. Mas as associações feministas estão mais mobilizadas do que nunca: pretendem aproveitar este debate para conscientizar os brasileiros.
Leia tambémAborto no Chile: os autores da Constituição optam por proteger “aquele que vai nascer”